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O ex-office boy que fatura milhões simplificando a burocracia

 

Lidar com burocracias é um pesadelo para a maioria das pessoas. Mas o que para grande parte, principalmente para as empresas, é um problema, Edivan Costa transforma em oportunidade e solução. Enquanto o Brasil esbanja números de ineficiência burocrática desanimadores, Edivan, aos 46 anos e a frente da empresa SEDI, busca com o empreendedorismo abraçar a desburocratização dos processos para incentivar que mais empreendedores sejam estimulados no país.  

O empreendedor, negro, filho de pai metalúrgico e mãe doméstica, cresceu com 6 irmãos na periferia de Belo Horizonte, catando papel para ajudar os pais na compra do seu material escolar com 7 anos de idade. Jogava futebol quando moleque e chegou a concretizar seu sonho de ser jogador quando conseguiu entrar para o América Mineiro e, logo depois, se mudando para São Paulo, onde integrava o time de juniores do Palmeiras.

Aos 19 anos eu comecei um negócio, muito mais pela necessidade do que pela oportunidade.

Durante as férias, nos anos 90, seu pai viria a sofrer um derrame, que o fez tomar a decisão de deixar o futebol para trás e ficar com sua família. Aos 19, sua irmã lhe arrumou um emprego de office boy em uma imobiliária, onde acabou se destacando e sendo convidado por um dos sócios para se juntar a ele e mais dois advogados em outro escritório. Sua função seria despachante imobiliário autônomo, cargo que nunca havia desempenhado. Preocupado em como contribuiria com as despesas do escritório, se propôs a economizar o máximo que pudesse: andava 30 km por dia para não gastar com passagens, fazia 1 refeição por dia para poupar com o custo da alimentação, e ele mesmo fazia a faxina do escritório.

“Tem um desafio aqui? Vamos superar. Tem um problema ali? Vamos resolver. Aceito os desafios da forma como eles aparecem.” 

Chegou a pensar em desistir da sociedade, até que lhe apareceu a grande oportunidade. Em determinado momento, cai em suas mãos um trabalho para um grande empresário de Belo Horizonte, onde ele encontrou 3 cheques em branco assinados. O empreendedor poderia naquele momento resolver os problemas financeiros de sua família e sumir do mapa, mas escolheu devolver os cheques e na mesma hora ganhou a confiança daquele homem. O empresário quis que Edivan assessorasse a rede de supermercados Mineirão, com 60 lojas, onde 32 ainda precisavam de alvarás de funcionamento.

Sem nem mesmo saber o que era alvará, o empreendedor conseguiu entregar todos, e a partir dali começou a cuidar das lojas e imóveis do empresário. Foi nesse momento que nasceu a empresa SEDI, tornando-se independente do escritório de advocacia. Começou com uma sala de 30 m² e, logo depois, resolveu investir na sua formação entrando no curso de Direito. No entanto, decidiu abandonar a graduação, já que, na época, a rede de supermercados Mineirão que Edivan atendia estava em negociação de venda com o grupo Carrefour. Com a papelada da fusão em mãos, ele resolveu se jogar de cabeça no trabalho com sua equipe.

A SEDI passou a atender a rede francesa fora de Belo Horizonte, e acompanhando as demandas do Carrefour, Edivan abriu 11 unidades da SEDI pelo país. 

Em 2008, Edivan teve a oportunidade de participar da Missão Exame na China, da revista Exame, viajando com outros empresários brasileiros até a China e conhecendo o ambiente de negócios asiático. Em 2009, foi selecionado para integrar o time de empreendedores Endeavor, além de ingressar na conceituada IESE Business School, em São Paulo, sem falar inglês, espanhol e sem possuir formação superior.

Estando longe de sua empresa, o empreendedor decidiu contratar um executivo para gerir a SEDI durante sua ausência. Quando finalizou o curso e voltou para Minas, Edivan viu que havia tomado uma ótima decisão para sua vida como profissional, mas uma péssima para sua empresa, pois ela estava quebrada. Durante 2 meses ele viajou visitando seus escritórios, clientes, repartições públicas e escutava de todos “a Sedi não é mais a mesma depois que você saiu.” Na época, a empresa faturava US$ 7 milhões, mas mesmo trabalhando tanto não sobrava dinheiro.

Hoje a SEDI ainda é uma empresa em amadurecimento. Ela cresceu desordenadamente, sem as informações necessárias, planejamento estratégico ou indicadores, e por isso ainda é um sonho se concretizando. Emprega atualmente 90 funcionários e tem 12 escritórios distribuídos pelo Brasil. Na cartela de clientes tem empresas como Lojas Americanas, Riachuelo e Carrefour. Em 2013, o faturamento da empresa foi de R$ 30 milhões.

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