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Inúmeros erros levaram esses amigos a criar uma rede de fast-food milionária

 

Amigos e sócios, na vida e nos negócios, Eduardo Ourívio e Mário Chady já acumulavam experiências de muito sucesso no setor de alimentação antes de apostar na marca Spoleto. Mas experiências de sucesso podem ser negativas quando não são acompanhadas da boa gestão de recursos. Quase falidos, resolveram arriscar em um novo modelo de serviço, focando em praças de alimentação, que foi a grande redenção dos fracassos passados.

Em uma época que nem se falava sobre empreendedorismo, três amigos, entre eles  Mário e Eduardo, com 15 anos, decidiram usar o tempo livre das férias no verão para criar o primeiro negócio, a CHAOCA (junção de Chady, Ourívio e Carvalho). Junto às costureiras das suas mães eles ofereciam o serviço de confecção e customização de calças de pano, tipo OP, para as meninas. A ideia vendeu bem, segundo Mário, mas durou apenas alguns  meses, quando os amigos resolveram focar nos estudos.

Mário, com 17 anos, começou a estagiar em uma grande companhia e lá ficou até seus 21 anos. Foi o único período de sua vida em que teve a carteira assinada. Desencantado com o meio acadêmico, desistiu da faculdade de administração quando estava no segundo ano, saiu da empresa e começou a investir em negócios próprios: carros, confecção, até consultoria em exportação. Enquanto isso, Eduardo  era estudante de hotelaria na Suíça e quando retornou ao Brasil começou a trabalhar no Hotel Intercontinental, na parte de alimentos e bebidas.

“Queria criar algo grande, que pudesse se sustentar e crescer. Com o Spoleto, aprendi que o negócio é sonhar o sonho certo.

Já naquela época, Eduardo tinha vontade de ser dono de um restaurante e logo pensou no amigo Mário como sócio, mas ao procurá-lo o amigo recusou-se a embarcar na empreitada logo de cara. Foi só após um ano do convite feito que Mário voltou a ligar para perguntar se a ideia ainda estava de pé.

Os dois dedicaram um sábado inteiro no Rio de Janeiro a procura do ponto perfeito até encontrarem um restaurante no Leblon, chamado L’Entrecôte. Apesar do local não estar a venda, a oferta dos amigos foi aceita e em 1992, nasceu a primeira experiência empreendedora em conjunto: o Guilhermina Café.

O Guilhermina foi um misto de bar e restaurante. Por ocasião de uma viagem a trabalho que Eduardo precisou fazer, Mário se viu perdido em meio aos preparativos e operações do negócio. O local precisou passar por reformas para se adequar ao conceito, mas as coisas estavam fugindo ao controle: a obra atrasou e todo cronograma financeiro desandou.

 

“O Spoleto já não era mais um negócio dentro da loucura, era a salvação.”

 

Sofrendo de insônia, Mário conta ter se sentado na calçada oposta ao restaurante em uma dessas noites e pensar: “meu Deus, o que eu fiz com meu dinheiro?”. E para aumentar o desespero, Eduardo deu a notícia de que o Chef que iria acompanhá-lo do Intercontinental não iria mais. Tiveram que contratar um novo Chef às pressas e conseguiriam manter o prazo de inauguração, que acabou sendo um sucesso.

A casa com superlotação, Mário tentava dar conta do salão enquanto Eduardo não saiu da cozinha nos três primeiros meses de operação. Muita gente saindo sem pagar, cheques em branco, pratos que deveriam demorar 10 min para sair demoravam mais de 1 hora. Apesar de tudo, o negócio cresceu desordenadamente de 92 a 99, quando administravam 7 restaurantes, entre eles 3 unidades do Guilhermina Café, Bartolomeu e Sasso. Apesar dos restaurantes darem certo, chegaram muito perto da falência. No final, o sucesso não cobria as contas.  A situação financeira começou a atingir também a vida pessoal dos dois, pois faltava dinheiro para pagar a escola dos filhos, as contas de casa, “Eu não tinha dinheiro para abrir o dia. Cortaram a luz, o gás de casa”, contou Eduardo.

Entre 1995 e 1997, Eduardo e Mário já haviam concordado em pivotar as operações e já idealizavam um novo negócio, relacionado a massa,  que levasse qualidade de produtos e serviços de restaurante para a praça de alimentação. Foi durante uma visita de Eduardo a um amigo Chef em Miami, que ele viu pela primeira vez o modelo de preparação de massas rápidas com o cliente escolhendo os ingredientes no balcão. Foi ali que Eduardo viu finalmente como nasceria o empreendimento de suas vidas, o Spoleto.

Voltado para o modelo de franquias, entre planejamentos, estruturação e o lançamento do primeiro piloto do Spoleto em 1997, passou-se 1 ano. Donos de uma praça de alimentação na época, na Visconde Pirajá -RJ, o primeiro Spoleto abriu no segundo andar da praça, em um quiosque de 12m². Seu nome foi inspirado na cidade de Spoleto, localizada no centro da Itália, na bela região da Úmbria.

Os amigos-sócios, venderam e fecharam todas as outras operações de que eram donos, focando unicamente no novo negócio. Em 1998, os sócios participaram de uma feira de franquias no Intercontinental e lá conquistaram seus primeiros 2 franqueados.

Em 1999, a versão aprimorada e definitiva do Spoleto abriu no Shopping Tijuca – RJ. No mesmo ano, vários novos pontos foram inaugurados: Barra Shopping, Rio Sul, Nova América, Norte Shopping, Iguatemi, Barra Downtown, Centro Pedro Lessa, Centro RB1, Ipanema, Botafogo Praia, Rosário, Carioca Shopping, Catete, Jacarepaguá, Largo do Machado, Barra II, West Shopping, Niterói, Shopping da Gávea, Leblon, Shopping Grande Rio e Ilha Plaza. Hoje são 357 restaurantes em todas as regiões do Brasil, Espanha, México, Costa Rica, 5 restaurantes nos EUA, com novas unidades previstas para abrir na Flórida, Texas, Califórnia e Carolina do Norte.

O grupo Trigo ( antigo grupo Umbria) formou-se a partir da aquisição das operações da pizzaria Dominu’s no Brasil (que foi vendida para a gestora de recursos Vinci Partners em 2018) e a Koni Store, em 2008, construindo uma plataforma food service. Também adquiriram o Kimitachi, de delivery japonês que depois se tornou o delivery GoKoni, além do restaurante japonês Gurumê. O faturamento em 2017 foi de R$ 443,2 milhões e atualmente é a maior rede de alimentação do grupo. Em 2015 o sistema Trigo ultrapassou a marca de R$ 1 bilhão de faturamento.

Hoje em dia os fundadores do Spoleto participam de um conselho consultivo e se dedicam a buscar novos negócios e fornecedores.

Fonte
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