Filho de pequenos agricultores, José Martinho Reis cresceu com mais 4 irmãos em uma minúscula cidadezinha do interior de Minas chamada Senhora de Oliveira, com pouco mais que 5 mil habitantes. Sua rotina era ajudar o pai na roça e percorrer oito quilômetros para chegar à escola (e mais oito pra voltar para casa). Adolescente, formou-se em Técnico Agrícola na cidade de Barbacena, mas como a escola técnica não oferecia matérias como português e geografia, ele não conseguiu passar no vestibular, que era sua vontade.
Aos 19 anos, com dificuldades para entrar na faculdade, seu sonho de se tornar engenheiro agrônomo se tornava cada vez mais distante. Seu pai lhe deu a opção de parar de estudar e se dedicar ao trabalho na terra como ele, mas José decidiu abdicar da vida na agricultura e mudou-se para São Paulo em 1974.
Em pouco tempo conseguiu um trabalho como office boy na empresa italiana Olivetti, especializada em máquinas de escrever. Além de lidar com os serviços bancários pela manhã, ajudava o departamento de cobrança à tarde, o que o fez se destacar e ser promovido a chefe do departamento de cobrança em menos de dois anos. No entanto, José pediu transferência para o setor de vendas, ocupando o cargo por dez anos.
“A adaptação ao mercado é uma questão de visão e sobrevivência, ou você percebe ou morre“
Em 1984, a Olivetti extinguiu as vendas diretas e passou a trabalhar apenas com concessionárias, o que acabou sendo a oportunidade perfeita para José aproveitar sua experiência e tentar seu próprio negócio. Alguns amigos o aconselharam a não abandonar o emprego estável, mas decidido, ele saiu da Olivetti com 29 anos e abriu uma revendedora de equipamentos de escritório da própria Olivetti. Com o nome de César Reis, abriu a primeira concessionária da marca na cidade de Guarulhos, com 8 funcionários.
A superinflação dos anos 80 foi uma das primeiras crises pela qual o empreendedor atravessou com sua empresa. Logo depois a chegada dos computadores passou a ser uma preocupação. Seu então sócio, em 2001, desistiu da sociedade e José mudou o nome da empresa para Reis Office. Com as mudanças do mercado, ele buscou se adaptar e diversificar a atuação do negócio: investiu no outsourcing, começou a oferecer locação, operação, manutenção e suprimentos de equipamentos de impressão e gerenciamento de documentos. O segredo foi não parar no tempo e agir rápido quanto as mudanças nas tecnologias, conquistando clientes da área médica, indústrias e transportes.
“O empreendedor tem que saber separar o seu rendimento do que a empresa fatura. Uma empresa é saudável quando os sócios estão saudáveis. Se a empresa está ruim, o sócio também estará.”
Conquistando a confiança do mercado, José trabalha hoje com grandes marcas como a Brother no Brasil, Canon e Kyocera. Emprega mais de 300 funcionários, atende 4 mil clientes, administra cerca de 13 mil impressoras e mais de 800 contratos. No ano de 2017 alcançou faturamento de R$ 150 milhões e acumula mais de 140 prêmios nacionais e internacionais, ocupando a posição de líder em soluções para impressão e digitalização de documentos no Brasil.
Sua grande preocupação com a sustentabilidade e a minimização dos impactos sobre o meio ambiente, lhe rendeu em janeiro de 2018 a Certificação ISO 14001, atestando que o consumo consciente e as ações sustentáveis são uma prática regulamentada dentro da Reis Office. De 2013 a 2014 o empreendedor se dedicou a presidência do Rotary Clube de Guarulhos e até hoje atua ativamente, tanto na sua empresa, quanto na entidade.
O mais novo negócio do empreendedor, aos 62 anos, é a venda do Café em cápsulas – Reis de Minas, produzido em uma fazenda localizada na sua cidade natal, Senhora de Oliveira, Minas Gerais. A marca, com mais de 20 anos de produção, vendia apenas em grãos in natura para grandes fabricantes e cooperativas. Com a integração com a Reis Office, o produto passa a ser comercializado em formato de cápsulas e com aluguel de máquinas. O objetivo é comercializar esses cafés em ambientes corporativos.
