Patricia Bonaldi, de 37 anos, é a criadora de uma das mais reconhecidas marcas de vestidos de festas do Brasil e com grande representatividade no exterior. A marca leva o nome da empreendedora, se destacando pelos bordados delicados, rendas e transparências, que trazem à tona as origens mineiras do trabalho da empresária, feitos à mão e de forma exclusiva. Também dona da marca paralela PatBô, com estilo mais contemporâneo, feito para ambientes menos formais, mas que mantém os bordados e transparências finas como sua marca registrada.
“Crescer foi doído. Mas eu continuo me emocionando com cada pequena conquista. Nunca fui do tipo blasé, muito pelo contrário: Eu vivo o que faço!“
Patricia nasceu em Ceres, no estado de Goiás, mas foi em Uberlândia que cresceu e viveu parte de sua vida. Era muito comum na região, que as pessoas mandassem fazer suas roupas em costureiras, por isso a empreendedora nutria boas lembranças de quando acompanhava a mãe nas lojas de tecido, na escolha das cores, desenhos, e toda a magia do corte e costura. Decidiu mais tarde cursar Direito na Universidade Federal de Uberlândia, exercendo diversos empregos como assistente bancária e operadora de telemarketing. Já nessa época, Patricia desenhava as próprias roupas. Chegou a morar durante 3 anos no Japão e nutria o sonho de ser juíza, mas o gostinho que sempre nutriu pela moda acabou traçando outros planos em sua vida.
Após voltar de sua viagem, em 2002, largou a faculdade de Direito no último ano e investiu suas economias abrindo uma loja multimarcas. Mas apesar da variedade de marcas que ela tinha em sua loja, acabou percebendo que as clientes ainda eram muito ligadas ao costume de mandar fazer vestidos e roupas sob encomenda. Ao mesmo tempo, a empreendedora percebeu que as roupas que ela usava, de sua própria criação chamavam a atenção das clientes.
“Resolvi aceitar um pedido de uma cliente e, quando eu vi a expressão de felicidade no rosto ao provar a peça produzida por mim, foi uma emoção tão grande! A partir daí, uma avalanche de pessoas veio depois dessa primeira cliente. Eu aprendi no laboratório, fazendo os vestidos para as pessoas.”
A técnica e a referência inconfundível das criações de Patricia Bonaldi em suas coleções são a handmade, que seria um forte influente para tornar sua marca uma das líderes do segmento de moda festa no país. Desde o início, a empreendedora percebeu que a valorização da mão de obra especializada em Minas, além de contribuir para a perpetuação desse trabalho e nas vidas das bordadeiras, agregaria um alto valor às peças. As aplicações de rendas e bordados se tornaram a marca de suas criações, mesmo quando as passarelas mostravam que ela estava investindo em algo totalmente fora de moda. Existia a pressão interior e exterior de estar fazendo algo na contramão de tudo que estava sendo feito e usado. Porém o que prevaleceu foi a crença naquilo que ela estava fazendo e sua persistência.
Há alguns anos Patricia trabalha capacitando bordadeiras e costureiras de Uberlândia, e foi até mesmo convidada para participar de um projeto em conjunto com a Universidade Federal de Uberlândia e a Caixa Econômica Federal. A fábrica da marca é mantida na cidade mineira, onde ela acredita estar suas raízes, funcionando com uma média de 120 funcionários e cerca de 280 pessoas envolvidas em todo o negócio, incluindo as lojas próprias.
A marca Patricia Bonaldi consolidou seu nome no mercado da moda até mesmo fora do Brasil, presente nos Estados Unidos, Europa, Rússia, Oriente médio e na loja inglesa Harrods. Além da marca PatBô, criada em 2012 com roupas mais casuais, o empreendedorismo nato levou a empreendedora a grandes eventos de moda do país, como o SPFW e o Minas Trend, com sua marca sendo usada por várias famosas no Brasil e no exterior.
Cada peça pode demorar até 75 dias para ficar pronta. Hoje, suas marcas estão em 225 lojas no Brasil e presente em 20 países, com valores que vão de R$ 3 mil a R$ 15 mil reais. Em 2014, Patricia adquiriu duas outras marcas, a Apartamento 03 e a Lucas Magalhães, criando uma holding chamada Grupo Nohda, que se propõe a incentivar as técnicas manuais na criação, gerando e resgatando os significados de peças contemporâneas.
