Caito Maia, 49 anos, descobriu durante sua trajetória artística que a música era um caminho árduo demais para se ganhar dinheiro, o que o impulsionou a investir no empreendedorismo. Ao ter que escolher entre os palcos e o varejo, ele conseguiu unir o melhor dos dois mundos: sucesso, dinheiro e incorporar o estilo irreverente do rock à sua marca, Chilli Beans.
Caito Maia nasceu em 1969, na cidade de São Paulo. Cresceu com uma referência ligada à música, com o pai professor de piano. Aos 10 anos Caito já tocava bateria, mas nunca foi incentivado a seguir a carreira de músico. Foi estudar na Berklee College of Music, em Boston, a contragosto do pai. Morou nos Estados Unidos por 7 anos, mas, mesmo com sua persistência, Caito não chegou a completar sua formação.
A veia Rock And Roll, sempre foi viva no empreendedor. Sua primeira banda chamava-se Silvia James, de Tecnopop, e chegou a ser contratada pela Warner. Uma segunda performance foi na banda RIP Monsters. A terceira banda foi Las Ticas Tienen Fuego, que fez shows no Brasil inteiro com o selo da Sony e foi indicada ao VMB da MTV. Só que, mesmo com aquele relativo sucesso, as contas chegavam e Caito precisava de uma alternativa para a constante falta de dinheiro.
“Tem que ter paciência, ser insistente, porque as coisas não vão acontecer da noite para o dia.”
Ainda na Califórnia, percebeu que os óculos escuros eram usados como acessórios de moda e decidiu experimentar, trazendo a moda para o Brasil. Nos anos 90, com a incerteza da carreira artística, começou a revender os óculos escuros que ele comprava em viagens de rotina para os EUA.
A primeira tentativa de Caito foi comprando 200 óculos escuros em uma barraca em Venice Beach, Los Angeles/CA, trazendo para o Brasil e vendendo para os amigos. Na época, dividia uma casa antiga na Pompéia, com Digão da banda Raimundos, integrantes do Sepultura, Ratos do Porão e Capital Inicial, e utilizavam o porão como estúdio para ensaios. Na mesma casa, dentro de um quartinho de empregada de uns 4m², o empreendedor trabalhava com a venda dos óculos, trazendo de 200 a 300 peças na mala a cada viagem.
“Por maior que você seja, você tem muito o que aprender. Em time em que está ganhando, se mexe.”
O negócio cresceu tanto, que precisou tomar a decisão: música ou os óculos. Como a grana era difícil, apostou na revenda por atacado e abriu sua primeira empresa: Blue Velvet. Mas os pedidos vieram rápido como a queda: pagando a vista os fornecedores e vendendo a prazo no atacado, acabou quebrando com a inadimplência.
Sem perder as esperanças, foi para o varejo dentro do Mercado Mundo Mix e obteve ampla experiência, aprendendo a desenvolver conceito de marca, precificação, atendimento e como expor seu produto. Dentro do Mercado, Caito pôde viajar o Brasil inteiro e aprendeu sobre a variedade de públicos e seus gostos. Percebeu então que precisava investir em uma marca para fazer seu negócio dar certo, escolhendo o nome “Chilli Beans”.
Abriu a primeira loja em 1999, na galeria Ouro Fino, Rua Augusta, em São Paulo. Já fora do Mercado Mundo Mix e com total foco na loja, ele trabalhava diretamente no negócio para vê-lo crescer. “Eu era gerente, vendedor, office boy, tudo…” A segunda loja foi aberta no Shopping Villa Lobos. O sucesso que a loja fazia com o público veio a partir da inauguração do modelo de Self-Service. Foi pioneira em vender óculos sem vitrine, despertando curiosidade e desejo nas pessoas, diferenciando-se dos modelos tradicionais das óticas, em que o consumidor dependia do atendimento de balcão para acessar os modelos e experimentar.
Deu tão certo que, em 2001, Caito começou a expandir e vender franquias, principalmente em modelos quiosque, devido ao baixo custo envolvido. O resultado disso é que hoje, Caito Maia é o dono da marca líder de óculos no mercado nacional e maior rede de lojas especializada em óculos escuros e acessórios da América Latina com uma rede com 804 lojas franqueadas em nove países e faturamento de 700 milhões de reais, gerando mais de 3.500 empregos diretos. Seus franqueados recebem 10 novos modelos de óculos e cinco novos modelos de relógios semanalmente. Já seus planos para os próximos cinco anos é chegar ao seu primeiro bilhão, com 1,2 mil lojas abertas.
