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O ex-garçom que hoje serve um milhão de refeições por dia

 

De garçom a dono de uma das maiores fornecedoras de alimentação para empresas do país, o empreendedor Daniel Mendez administra hoje a empresa pioneira no seu segmento, a Sapore.  

Sua trajetória começa no Uruguai, onde nasceu. Era comum para a família (os pais, Daniel e a irmã Adriana) se mudar constantemente de cidade em busca de melhores condições de vida. O Uruguai, por ser um país pequeno, tinha pouca disponibilidade de trabalho, e por isso muitos saíam de lá. Já o Brasil só viria a aparecer na história do empreendedor aos 11 anos, quando desembarcaram em Pelotas, Rio Grande do Sul, em 1973. Lá o pai rapidamente conseguiu se encaixar no melhor restaurante da cidade, e Daniel, com 15 anos, começou a ajudá-lo. Mas em pouco tempo, a família viria a se mudar novamente, dessa vez para Jaguarão, na fronteira do Brasil com o Uruguai, onde seu pai havia conseguido um espaço dentro de um hotel, podendo montar seu restaurante.

O pai prosperou na área abrindo três restaurantes, e o empreendedor cada vez mais se envolvia com o lado gastronômico do negócio e se encantava pela área. Apesar disso, a falta de responsabilidade na gestão do dinheiro pelo pai começou a gerar muitos conflitos familiares, e Daniel chegou a ouvi-lo dizer que ele ainda o veria pedindo esmola.

Eu atravessava a ponte para estudar no Uruguai, onde o ensino era melhor, e na volta ia servir os clientes no restaurante do meu pai.

O próximo capítulo de sua vida a partir dali foi tentar a vida com as próprias pernas em Porto Alegre. Com seus 18 anos, pretendia terminar o último ano no ensino médio e fazer faculdade. Na capital gaúcha chegou a tentar se encaixar em um escritório de RH, mas não conseguiu suportar a função mais que um mês. Trabalhou em uma padaria, onde conseguiu ganhar a confiança do dono e ajudou o estabelecimento a crescer e melhorar, até receber uma oportunidade de trabalho no Hotel Embaixador.

Comunicativo, divertido e fluente em espanhol, Daniel conseguiu ganhar destaque na casa rapidamente, sendo apontado como o melhor garçom dentre o grupo, o que acabou gerando mal-estar com o restante dos colegas. Acabou saindo do hotel e trabalhou em supermercado, chegando a gerência. Mas, apesar de estar caminhando bem, queria ganhar melhor. Foi quando viu num anúncio que estavam contratando muita gente para trabalhar na empresa Puras, fornecedora de refeições coletivas.

“O aprendizado dói, mas ele fortalece muito. Foi um momento de grandes avanços, melhorias, oportunidades e amadurecimento.”

 

As vagas eram para São Paulo, e o empresário foi se apresentar para o setor de recrutamento da empresa. Passou uma impressão tão boa que lhe contrataram rapidamente, iniciando na área de operações.

Daniel se destacava pelas boas ideias e inovações, porém, novamente, suas atitudes geravam incômodos nos colegas. O diretor de operações na época pediu que ele fosse transferido para a área comercial, o que não foi ruim para o empreendedor, já que, apesar de não ter experiência alguma na área, acabou gostando muito.

Sacrificava férias, varava noites e abdicava de fins de semana para se dedicar ao trabalho, até que veio a proposta para trabalhar em Campinas, assumindo toda a operação da região. Aceitou e fez a Puras saltar para 55 mil refeições diárias, porém carregava um incômodo: tinha vontade de implementar inovações e mudanças, mas não lhe davam espaço para realizá-las.

Aos 30 anos de idade, com a experiência que carregava no ramo de alimentação, decidiu que precisava investir no próprio negócio. Vendeu seu carro, um Gol GTI, e pegou o dinheiro da rescisão da Puras, cerca de US$ 10 mil, alugou uma casinha e montou a Sapore em Campinas, em 1992, com mais dois sócios.

Os três primeiros meses foram complicados, batendo de porta em porta tentando conseguir empresas que se interessassem pelos serviços da Sapore. Ao final do primeiro ano, já eram sete clientes e seis mil refeições por dia. Com o tempo conseguiram trazer as companhias Vale, Fiat e Petrobras. Mesmo com o crescimento, em 2008 a empresa passou por uma grave crise, mostrando para Daniel que nem tudo estava perfeito como se imaginava. A Sapore foi obrigada a mudar todo o seu modelo de trabalho, enxugar processos onerosos e diminuir pessoal, já que o empreendedor percebeu que o problema maior não vinha de fora, mas de dentro.

Depois do susto e superada a crise, a Sapore conseguiu grandes parcerias como o contrato com a Fifa em 2014, para montar unidades de alimentação nos estádios das 12 cidades sede da Copa do Mundo de Futebol no Brasil, e também, em 2016, foi responsável pela alimentação dos atletas e paratletas nos Jogos Olímpicos do Rio. Após a experiência, hoje atende o World Trade Center em São Paulo, a nova sede da L’Oréal no Rio, e as casas de espetáculos ligadas à Time For Fun, além do festival de música Lollapalooza.

Em 2017, a Sapore faturou R$ 2 bilhões. São 15 mil colaboradores atuais, 1.100 restaurantes no Brasil e em outros países e 1,2 milhões de refeições servidas por dia.

 

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ExameEconomia IGRevista ForbesPrograma Fiz do Zero - TV MBA60SaporeIsto É DinheiroPrograma Show BusinessPrograma Moeda ForteFolha de S. PauloPrograma Mundo Corporativo - Rádio CBN
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