Janete, conversando com um antigo patrão, expressou a ideia de um dia abrir um negócio. Ela que já havia feito o convite para várias pessoas, recebeu dele este conselho: um é pouco, dois é bom e três é demais . O sonho de Janete acordou novamente após alguns anos quando conheceu Sandra, sua colega de trabalho no Distrito Federal. Foi de imediato uma química que deu certo, na vida e nos negócios.
Janete Vaz (63) é natural de Anápolis, em Goiás. Já Sandra Costa (66) veio de Inhapim, cidade mineira do Vale do Rio Doce. Ambas com exemplos de empreendedorismo dentro da família, vieram a se encontrar por acaso, em 1979, no Distrito Federal, trabalhando juntas no Laboratório Planalto. Janete era formada em Bioquímica e Sandra em Farmácia. Dessa experiência de 3 anos absorveram todo o conhecimento do negócio, desde a parte técnica, o atendimento aos clientes, até a parte burocrática de tratamento com fornecedores, médicos e planos.
“As pessoas não acreditavam que um negócio que tinha dado certo podia ser pilotado por uma mulher.“
Janete guardou durante muitos anos a vontade de começar o seu negócio e chegou a convidar a amiga Sandra a abrir o próprio laboratório. A resposta veio alguns anos depois a partir de uma ligação: “Janete, aquela sua ideia de montar um laboratório ainda está de pé?”
Neste dia vasculharam a cidade inteira a procura do ponto ideal para iniciarem a empresa, até que Janete se lembrou de uma sala que estava para alugar no Edifício de Clínicas. O sábado terminou com a dupla empreendedora sentada na calçada em frente ao prédio, olhando para aquela que seria a sala que abrigaria o sonho do próprio laboratório.
Se pudesse haver algo que naquela época pudesse indicar que Janete e Sandra estavam no caminho certo foi quando, no dia seguinte, nas páginas dos classificados do Correio Brasiliense, viram o anúncio: “Vendo equipamento completo para laboratório.” Conseguiram com o anunciante o valor parcelado em 6 vezes, e naquela época Sandra dispôs de suas economias acumuladas durante vários anos, além das economias do marido dentista. Já Janete dispôs de alguns dólares, vendeu seu carro e pediu empréstimo ao pai.
“Acho que boa parte do sucesso tem a ver com uma busca sincera para melhorar sempre.”
A sala foi reformada e o Sabin abriu suas portas em 2 de maio de 1984, começando em um espaço de 100m², com equipamentos usados e três funcionárias: uma recepcionista, uma coletora e uma faxineira.
O destaque gradual e a credibilidade adquirida ao longo dos anos pelo laboratório se destaca pela excelente forma de gestão, que acabou se tornando referência. No início das atividades, as empreendedoras perceberam que seus concorrentes negavam muitos pedidos médicos. A aposta para o ganho de mercado foi buscar atender todos esses pedidos com agilidade. A medida em que o laboratório se destacava, muitos colocavam em cheque se as duas eram realmente as donas do negócio. Circulavam boatos de que eram apenas laranjas e que seu verdadeiro dono seria algum político ou empresário, sempre alguém do sexo masculino. “Na época eu estava casada e as pessoas vinham pedir emprego ao meu ex-marido. Tudo era com ele, mesmo quando eu estava presente. Só que ele nunca trabalhou no Sabin. Demorou para a Sandra e eu termos reconhecimento pelo nosso trabalho.”
Percalços ocorreram no caminho, quando no ano de 2000 o laboratório perdeu 20 funcionários em apenas um mês. A saída encontrada para fidelizar seus colaboradores foi o desenvolvimento de premiações: quem completa um ano no Sabin tem direito a uma tarde em um spa; aos cinco anos, ganha um salário-bônus; aos 10, um notebook; aos 15, uma viagem com acompanhante; e aos 20, um carro 0 km.
Em 2009, já com 9 unidades próprias, começaram a planejar uma expansão da empresa, mesmo com tantos assédios de compra. Em 2012 compraram laboratórios em Uberaba, Pará, Salvador, Palmas e Manaus, chegando a 118 unidades. O Sabin chegou a se destacar no exterior, dentro do Congresso Americano de Medicina Laboratorial, em 2013, como a única instituição brasileira vencedora daquele ano.
Atualmente é o maior laboratório do Centro-Oeste do país, recepcionando seus clientes com música ao vivo. São quase 9 mil pacientes por dia, 133 unidades e 2 milhões de exames mensais. A média é de 2,4 milhões de clientes por ano e 28 milhões de exames por ano. O faturamento anual gira em torno de R$ 700 milhões e administram mais de 3 mil funcionários.