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De origem humilde, tornou-se diretora de Banco antes dos 30

Alessandra França | Banco Pérola

 

Filha de agricultores de uma pequena cidade paranaense, Alessandra França, aos 32 anos é atualmente diretora de um banco, formada em Marketing com MBA em Gestão de Pessoas e especialista na área financeira pela FGV. Apesar de todo currículo, quando decidiu abrir seu próprio banco de microcrédito, Alessandra não tinha nenhuma bagagem financeira anterior, apenas vontade de ajudar as pessoas. O fato, aparentemente inusitado, é resultado de um processo iniciado por Alessandra aos 15 anos, que contou com percalços, principalmente por fatores como idade, seu gênero e condição social. “São apenas três de muitos que poderia citar.”

Nascida em Guaraniaçu (PR), o sustento da família vinha da terra, mas ao perderem a lavoura após um período longo de seca, a família se viu obrigada a buscar qualidade de vida em Sorocaba, interior de São Paulo. Viviam na periferia, chamada Aparecidinha, onde sua mãe tornou-se costureira e o pai encaixou-se no setor industrial.

Aos 15 anos, Alessandra inscreveu-se para cursar informática por meio de um projeto da ONG Projeto Pérola, que havia chegado a sua comunidade. Como estudante de escola pública, através da mesma ONG Alessandra concorreu a uma bolsa de estudos integral em um colégio particular e ganhou. Com 16 anos, se encantou com a leitura do livro “O banqueiro dos pobres”, de Bengali Muhammad Yunus, vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 2006. O banqueiro e empreendedor social do microcrédito foi uma forte inspiração para os passos futuros de Alessandra.

“O empreendedor necessita de um ambiente mais propício, no entanto, este assunto é amplamente discutido há muito tempo. A missão do Banco Pérola é contribuir para melhorar esta realidade.

Foram 8 anos atuando na ONG Projeto Pérola, passando de aluna a colaboradora e, posteriormente, tornou-se coordenadora dos trabalhos. A ONG crescia em número de alunos, funcionários, cidades e projetos bem sucedidos, mas apenas um andava desafiando a persistência de Alessandra: o projeto Escola de Talentos. Seu propósito era alcançar jovens empreendedores nas comunidades e ensiná-los a montar um plano de negócio. No entanto, quando retornavam às comunidades, sem saber o que dava errado, percebiam que os projetos não haviam ido pra frente ou morriam pouco depois de começarem.

Na época, Alessandra com 23 anos e a responsabilidade de diretora da ONG, decidiu  inscrever o projeto em um concurso da Artemísia – organização internacional de estímulo a projetos sociais – onde durante 1 ano, com o projeto em testes, se chegou à conclusão que os negócios morriam porque os jovens não tinham crédito, mesmo que os valores necessários fossem pequenos, além de não haver investidores qualificados. Entre 200 projetos concorrentes, o de Alessandra ficou entre os cinco finalistas,sendo aprovado em 2008. A Artemísia forneceu R$ 40 mil e uma consultoria de dois anos para estruturar as atividades do então Banco Pérola, que nasceu da motivação da empreendedora de fazer dar certo aquele projeto e trazendo consigo sua amiga Adriene, formada em psicologia, para encarar juntas o desafio.

 

“Naquele momento a gente não começou porque a gente sabia analisar um balanço, enfim, começou porque a gente acreditava no potencial daquelas pessoas.”

 

O Banco Pérola funciona como uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), prestando contas aos ministérios do Trabalho, da Justiça, trabalhando com microcrédito, financiando micro e pequenos negócios – principalmente com foco nos jovens que tenham projetos de negócios  em qualquer área de interesse. O resultado da primeira experiência após o aporte feito pela Artemísia foi positiva, onde os primeiros financiados, moradores do Habiteto, em Sorocaba, devolveram o dinheiro e conseguiram fazer seus empreendimentos darem certo. O capital para os empréstimos vêm de doações e investimentos de grandes empresas, como Camargo Corrêa e Votorantim. Todo o dinheiro que retorna para o banco é emprestado novamente para outros empreendedores, fazendo o Banco crescer.

Tanto o modelo de gestão quanto o ambiente do Banco Pérola não lembram em nada os modelos dos tradicionais bancos, com portas giratórias ou caixas eletrônicos. Sua grande inspiração foi o modelo do Grameen Bank, de Yunus. Atualmente, Alessandra através do Banco Pérola, já auxiliou 350 micro e pequenos negócios, com um total de R$ 1,3 milhão em empréstimos, principalmente para empreendedores de 18 a 35 anos das classes C, D e E. Hoje, cerca de 68% dos projetos sobrevivem ao primeiro ano.

Em 2011 o Banco Pérola tornou-se correspondente de microcrédito da Caixa Econômica Federal. Mesmo ano que a empresa Vox Capital, de capital de risco voltada exclusivamente para investimentos de impacto, fez uma aporte de R$ 100 mil no Banco, ajudando a instituição a atingir 300 clientes no ano de 2012.

Fonte
Economia UolRevista ÉpocaPortal do Instituto Nacional de Empreendedorismo e InovaçãoLinkedinBanco PérolaPortal G1Panorama MercantilIsto É DinheiroPortal The Body ShopHuffPost BrasilExameTV Jornal Cruzeiro do SulCanal WHOW! Festival de InovaçãoCanal Banco PérolaTV Cultura DigitalVejaGEITalk da MBI UFSCar
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