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O caminho da lavoura até a presidência de um dos maiores bancos do país

Amador Aguiar é o nome por trás da transformação do Banco Bradesco em uma das maiores instituições financeiras privadas do Brasil. Sua história se confunde com a do banco, que virou sinônimo de democratização no acesso a serviços e produtos financeiros. Tudo isso em menos de 50 anos.

Amador nasceu em 11 de fevereiro de 1904 em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, e largou os estudos antes mesmo de completar o primário. Com 13 anos ajudava o pai, João Antônio Aguiar, na lavoura de café de uma fazenda em Sertãozinho/SP. As dificuldades daquela vida, somadas com a meta de buscar uma oportunidade melhor e escapar dos comportamentos violentos do pai, levaram Aguiar a fugir para a cidade de Bebedouro com 16 anos.

Perrengues como dormir em banco de praça e passar fome foram somente algumas das dificuldades que Aguiar enfrentou até conseguir a oportunidade de iniciar sua vida profissional em uma tipografia. Em 1926, aos 22 anos, Aguiar conseguiu a vaga de aprendiz no Banco Noroeste, em Birigui, São Paulo. Começou lá fazendo um pouco de tudo, até mesmo faxina. A persistência do empreendedor colaborou para que a alavancagem da sua carreira fosse rápida, e sendo assim, dois anos depois já ocupava o cargo de gerente.

Mesmo com o atraso nos estudos, Aguiar documentalmente conta que a asma o mantinha acordado durante a noite, fazendo-o aproveitar o tempo para estudar tudo o que podia sobre operações bancárias.

Na década de 40, o empreendedor foi chamado para ajudar a transformar uma casa bancária de Marília, no interior de São Paulo, em um banco. Em 1943, Aguiar assumiu então o posto de diretor no recém-fundado Banco Brasileiro de Descontos, que posteriormente viria a se chamar BRADESCO (junção das iniciais das palavras “Brasileiro” e “Descontos”). Em apenas 8 anos, o Bradesco se tornou o maior banco privado do país, onde Aguiar veio a se tornar presidente em 1963.

 

“Acorde cedo e trabalhe. Isso vale para uma casa, uma empresa ou um país.”

 

A imagem perpetuada de Aguiar, tanto na vida pessoal quanto na profissional, era de um homem sério, retraído, meio difícil de lidar e que não cultivava muitas amizades. Assumia uma postura de rigor com seus funcionários e consigo mesmo, dedicando uma vida inteira ao trabalho de forma disciplinada, ao mesmo tempo em que mantinha uma vida humilde e modesta. O empreendedor levava a maneira de trabalhar de forma obstinada em fazer a diferença, exigindo que as pessoas que estivessem à sua volta agissem da mesma maneira.

Esse seu jeito de ser foi um forte influenciador no crescimento do Bradesco. A postura de democratizar o acesso aos serviços bancários por camadas da população de renda baixa foi o pioneirismo da gestão de Aguiar frente ao banco. Os gerentes a frente do atendimento ao público e as portas abertas atraíam imigrantes, lavradores e pequenos comerciantes, além dos tradicionais empresários e grandes proprietários de terras. Sem discriminar, buscou facilitar a abertura e movimentação de contas, se tornando um banco do povo.

Quando o assunto era seu negócio, Aguiar declarava: “Nunca empreste muito a poucos, e sim pouco a muitos”. Quando o Bradesco abriu as portas, era tão pequeno que foi apelidado de “Banco de Dez Contos”. A matriz de Marília foi transferida para Osasco em 1957, onde ainda pode-se ler até hoje em sua fachada, “Só o trabalho pode produzir riqueza”.  

Buscou a expansão das agências no Paraná na década de 40, onde muitas delas chegaram antes da luz elétrica na região. Foi um banco pioneiro em muitas coisas, como por exemplo: criar uma Conta Corrente Popular e Juvenil; receber o pagamento de contas de energia elétrica da empresa Light; lançar o cartão de crédito do Brasil na década de 60; introduzir alta tecnologia informática aos seus processos; criar a retirada de dinheiro a qualquer hora do dia ou da noite; e o primeiro home banking do Brasil.

A marca humanitária de Amador Aguiar hoje vive não só através do Bradesco, mas na trajetória da Fundação Bradesco, criada por ele em 1956. A maior rede privada de ensino gratuito do país, atendendo mais de 112 mil alunos divididos em Educação Infantil, Ensinos Fundamental e Médio, Educação Profissional Básica e Técnica e Educação de jovens e adultos.

Aguiar faleceu em 24 de janeiro de 1991, deixando cravado na história, a segunda maior instituição financeira privada do país, com 99 mil funcionários, mais de 4.700 agências e um lucro de 19 bilhões em 2017. No exterior, o Bradesco opera três bancos e nove subsidiárias em Nova York, Londres, Ilhas Cayman, Buenos Aires, Luxemburgo, Tóquio, Hong Kong e México.

O Bradesco foi o único case da América Latina citado no livro de Bill Gates: “A Empresa na Velocidade do Pensamento”.

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