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Público infantil, negócios de adulto e faturamento milionário

 

Ricardo Sayon é médico pediatra formado pela USP. Neto de libaneses, antes de construir seu reinado de brinquedos chamado Ri Happy, atuou como pediatra por 16 anos e foi professor na universidade.

Filho caçula, era admirador do Dr. Kildare desde a infância. Em 1980, recebeu de herança um lote onde funcionava um estacionamento e resolveu tocar o negócio em sociedade com um amigo especialista em informática. Os dois trouxeram inovação ao setor com a emissão de tickets e controle de mensalistas pelo computador. Na mesma época, Ricardo mantinha um imóvel alugado a um joalheiro que veio a falência e deixou de pagar o aluguel. O imóvel ficou lacrado durante muito tempo até o médico receber uma ligação do oficial de justiça o intimando a comparecer ao local para a deslacração. A contra gosto – e apesar do grande volume de trabalho que atrasaria para estar no local – ele foi.

Designado como fiel depositário, o pediatra foi obrigado a assumir o imóvel com os bens ali deixados. Ao voltar para casa naquele dia, cansado e estressado, empurrou para a mulher a situação inconveniente: vai lá e monta um negócio. O ano era 1988, a fonoaudióloga Juanita Sayon, questionou o marido sobre que tipo de negócio ela abriria, no que o médico respondeu: “sei lá, vende brinquedo, chupeta, mamadeira…

“Eu acho que empreendedorismo está em um conceito interior de cada um de nós, que é o tentar fazer melhor.

A primeira RiHappy nasceu então em um imóvel na rua Pamplona, no Jardim Paulista, zona oeste de São Paulo. Pequenininha, em um espaço de no máximo 40m². O nome foi criado por Juanita que estava se dedicando aquilo para ver o marido feliz, por isso “Ri”, de Ricardo e “Happy”, feliz em inglês. Apesar da brincadeira, Ricardo não teve motivos para ficar feliz, pois a loja só dava prejuízo. O amigo e sócio de Ricardo no estacionamento, Roberto Saba, resolveu entrar como sócio, assim como a  professora primária Maria Cecília. A conclusão na qual Roberto havia chegado é de que precisavam abrir mais de uma loja para resolver o prejuízo. Chegaram a abrir 5 lojas que não trazia lucros, mas só dor de cabeça para os sócios.

Até então, Ricardo ainda exercia sua profissão normalmente, mas amargava o gasto que as lojas causavam, e por isso decidiram em conjunto vender o negócio. Tentaram vender mais ninguém quis, então tentaram literalmente dar o negócio, mas mesmo assim ninguém se arriscou. Chegaram a pedir 200 mil dólares para assumir as lojas.

 

“Fui pesquisar a concorrência aqui, lá fora, e descobri que a primeira coisa que o empreendedor deve fazer é que ele deve conhecer o seu segmento.”

 

Sem opções, decidiram fechar as lojas e fazer a devolução de todos os brinquedos. Ricardo precisou ir pessoalmente pedir ao diretor da Estrela na época, Hans Becker, para aceitar a devolução dos brinquedos, porém, a resposta foi que eles, não só não iriam fechar a loja, como iriam abrir muitas outras. Hans se comprometeu com Ricardo a ajudá-los a sair do prejuízo e melhorarem a qualidade das lojas RiHappy.

Nenhum deles tinha experiência em varejo, e por isso buscaram copiar os modelos de varejo das grandes lojas de brinquedos que já existiam na época, tanto no brasil quanto nas que existiam no exterior. Foi quando Ricardo decidiu deixar de lado a medicina por um tempo para estruturar as lojas novamente. Pretendia se dedicar pelo menos 1 ano ao negócio e esperava voltar ao consultório após.

A estratégia de copiar a concorrência não estava dando resultado e por isso decidiram mudar o jogo: “não vamos mais ser revendedores de brinquedos. Vamos prestar serviço em brinquedos. Vamos agregar algum valor a essa loja”.

Ricardo nunca voltou ao consultório. Seus funcionários aprendiam sobre as capacidades motoras de cada idade para auxiliar os pais na hora das compras, informavam sobre imunização, prevenção à violência contra crianças, esportes, entre outros temas. Os anúncios em jornais ganharam atividades para as crianças, suas lojas receberam temas diversos e logo o famoso mascote da rede- o Solzinho – surgiu em uma revistinha própria junto com sua turma.

A gestão comercial da RiHappy trouxe  o maior traço da personalidade do seu fundador: a sensibilidade para lidar com crianças. O ano de 1991 ficou marcado para o médico empreendedor como o ano em que a RiHappy se transformou e cresceu. Os três sócios visitavam de forma rotineira as suas unidades para dar o treinamento as equipes pessoalmente até a chegada da TV RiHappy, em dezembro de 2006, permitindo a Ricardo fazer as reuniões com seus colaboradores e gerentes de forma simultânea.

Em março de 1997, foi o primeiro varejista de brinquedos a ter um comércio virtual, que na época já estava entre 48 a 50 unidades próprias abertas. Com o tempo se tornou a maior rede lojas de brinquedos do país e uma das maiores da América Latina,  sendo vendida em 2012 para o fundo de private equity americano, Carlyle, que comprou 100% do capital da empresa por R$ 600 milhões.  Agora nas mãos de Hector Núñez, a rede tem um faturamento estimado em R$ 1.3 bilhões, lucro líquido em 2017 de 16,3 milhões, 224 lojas próprias e 35 franquias.

Mesmo tendo vendido a RiHappy, Ricardo hoje, aos 66 anos, segue na carreira de empresário com um escritório na capital paulista. Ele cuida dos shoppings Rio Claro e Pátio Pinda, do município de Pindamonhangaba, é investidor no Shopping de Bauru, tem negócios em incorporações imobiliárias e em hotelaria.

 

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