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Demitido, ele vendeu um Monza 91 e fundou uma confecção milionária

O paranaense Marco Franzato cresceu em meio a uma vida humilde, filho de uma dona de casa e pai boia-fria. Aos 59 anos, ele é fundador do Grupo de moda Morena Rosa, que agrega mais de 2.200 colaboradores diretos e cerca de 3 mil indiretos. Com fabricação 100% nacional, sua empresa confecciona aproximadamente três milhões de peças/ano, que são comercializadas em mais de 6 mil multimarcas brasileiras, lojas próprias, franquias Clube Morena Rosa e em países como Canadá, EUA, França, Japão, entre outros. Mais ligado a parte administrativa do negócio, Marco, hoje pai de dois filhos,  conta com a participação da esposa, Valdete, e seu bom gosto na escolha das peças e coleções. 

Aos dois anos de idade, caçula de três filhos, ele mudou-se com a família para um distrito de Cianorte chamado Vidigal, noroeste do Paraná, onde o pai começou uma lavoura de café. Marco, com 7 anos, na metade dos anos 70,  acordava às 4h30 para começar a trabalhar na lavoura. Em 1975, com a chegada da geada negra que atingiu o paraná, a família de Marco foi obrigada a se mudar para Cianorte.

“Se eu falar que eu não tinha medo é mentira né, medo alguma coisa existia, mas a confiança era muito maior que isso.

A vida difícil fez  Marco deixar os estudos para trabalhar e ajudar financeiramente sua família. Começou como Office Boy de um escritório de contabilidade e logo depois veio a oportunidade de fazer escrita fiscal. Para conseguir abraçar a oportunidade, Marco buscou um supletivo para terminar seus estudos mais rapidamente e como gostava muito de lidar com números, posteriormente se formou em um curso técnico de contabilidade, passando a assinar os balanços da empresa. Marco cresceu junto com a empresa e conseguiu formar-se em Administração no final dos anos 80. No entanto, a empresa pediu concordata e em meio a crise Marco acabou sendo demitido. Sem trabalho, a saída que Marco viu para a difícil situação foi empreender.

Marco sabia que sua esposa valdete, professora de matemática da rede Municipal, cultivava bom gosto para vestuário. Ao mesmo tempo, sua cunhada trabalhava como modelista na cidade, enquanto ele carregava a experiência da parte administrativa. Foi daí que veio a motivação para criarem a confecção Morena Rosa no dia 1 de fevereiro de 1993. Venderam o Monza 91 da família para comprar as 4 máquinas de costura que iniciaria a empresa, com uma produção de 300 peças mês. A venda do carro rendeu 8 mil dólares, e junto com mais dois sócios, irmãos da esposa, conseguiram juntar os 24 mil dólares de que precisavam para começar.

“Visão estratégica e grande senso de organização, além de vontade e disponibilidade para trabalhar muito, são a base para construir uma história de sucesso”

Uma curiosidade é que o nome Morena Rosa foi ideia do próprio Marco, que buscava um nome simples para batizar a confecção. Ao compartilhar sua ideia as pessoas foram contra, mas ele insistiu no nome mesmo assim. No início, a marca faturava 10 mil ao ano, mas hoje alcança uma escala de 19 unidades de produção com faturamento ano em torno de 400 milhões.

As primeiras peças produzidas na pequena confecção eram moletons, que eram vendidos em lojas de atacados na cidade. Marco ia de porta em porta oferecendo os moletons aos lojistas, se deslocando de ônibus ou usando um Fusca da família, mas no final dos anos 90, Valdete decidiu voltar a produção para a moda feminina. Já Marco decidiu retornar à faculdade no começo da Morena Rosa, para cursar Direito.

Com uma percepção de mercado mais afiada, a confecção incluiu a fabricação de jeans, contrataram representantes para a marca e aumentaram o portfólio de produtos. De 97 a 2009 o grupo investiu na criação de novas marcas, como a marca Zinco, a marca Maria Valentina, investiram em moda praia com a Morena Rosa Beach, abriram diversas lojas monomarca, adquiriram a marca Joy, de roupas infantis e logo depois criaram a Lebôh. Apostando no público de perfil A e B, já conseguiram trazer diversas top-models internacionais ao catálogo da marca e atualmente conta com fábricas no Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul.

Sem deixar-se esquecer dos tempos sofridos como boia-fria e as dificuldades que enfrentou na vida, Marco fundou em 2006 o Instituto Morena Rosa, ligado a trabalhos sociais e desenvolvimento Humano de saúde, arte, educação, meio ambiente, esporte, cultura e lazer. O ano de 2012, em especial, marcou a entrada do fundo Tarpon, que adquiriu 60% do Grupo por R$ 240 milhões, ficando com o empresário, a esposa e dois cunhados os 40%.

O perfil da gestão de Marco se diferencia no setor por não participar das tradicionais semanas de moda do país, considerando-os eventos caros e que não trazem retorno proporcional ao investimento. O investimento anual do grupo em publicidade chega a  R$ 21 milhões. Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa DataFolha, a marca foi a mais lembrada por oito em cada dez mulheres das classes A e B, no ano de 2009.

Além de fundador do Cianorte Futebol Clube, é dono do Colégio Cec – Centro Educacional Cianorte e da Facec – Faculdade De Administração E Ciências Econômicas. Depois de 25 anos à frente do grupo, Marco Franzato, manifestou interesse em se eleger prefeito de Cianorte em 2020, e já deixou o comando do Grupo nas mãos do filho Lucas Franzato, 28. Lucas acompanha a rotina empresarial do pai desde cedo e com 18 anos já ocupava o cargo de gerente de marketing, e depois passando pela vice-presidência.

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ExameEconomia IGGazeta do PovoÉpoca NegóciosPrograma Show BusinessCidade Entrevista - Rede MassaCanal Grupo Morena Rosa
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