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Com DNA empreendedor, ela expandiu e internacionalizou a confecção da mãe

 

A empresa familiar Dudalina se diversificou e alçou voos mais altos quando Sônia Hess entrou no jogo no ano de 2002. Mas a história do negócio veio sendo construída mesmo antes dela nascer, na década de 50, na pequena cidade de Luís Alves, próxima a Blumenau. Sonia, de 62 anos, é responsável por um crescimento anual de 30% da marca desde 2009 e nunca pensou em ser empresária.

A marca Dudalina nasceu no dia 3 de maio de 1957, quando a matriarca da família, Adelina Clara Hess de Souza, enxergou uma oportunidade.  Ela e o marido, Rodolfo Francisco Filho, conhecido como Duda, tocavam um armazém na cidade de Luís Alves, interior de Santa Catarina. Era comum que eles precisassem fazer viagens à São Paulo para trazer mantimentos e produtos de todos os gêneros para revender à população local, mas em uma dessas viagens, Duda, convencido a comprar uma quantidade exagerada de tecido, acabou percebendo o prejuízo em que havia se metido, pois não havia compradores para aquela quantidade. Foi quando, olhando para aquele tecido encostado na loja, Adelina tomou a decisão de usá-lo para confeccionar camisas.

Em poucos dias, percebendo uma necessidade de aumentar a qualidade da produção, adquiriu mais máquinas de costura e começou a contratar pessoal e alugar um espaço para instalar uma pequena fábrica.

A gente morava no interior, não tinha cinema, lanchonete, absolutamente nada. Na realidade, o trabalhar era uma forma de estar ocupado.

O fator primordial que possibilitou o crescimento da confecção foi a surpreendente quantidade de clientes que estavam surgindo. A receptividade ao negócio foi tão boa que resolveram sair com o caminhão para vender aos comerciantes das cidades próximas.

Sônia Hess é a sexta filha de 16 filhos do casal fundador da Dudalina. Desde cedo ajudava os pais no armazém que tinham no primeiro andar da casa. Como a comunicação e o transporte eram mais difíceis em Luís Alves naquela época, mudaram-se para Blumenau, onde a confecção de camisas crescia. Era Sônia que ajudava a mãe com as vendas nas cidades próximas.

Chegou a prestar vestibular para Administração de Empresas na Fundação Universitária de Blumenau, mas com 18 anos foi enviada pela família para a Espanha, sem saber costurar, para receber um treinamento de utilização de um maquinário novo que chegaria na fábrica. Após retornar ao Brasil foi convidada para ser chefe das instrutoras em Minas Gerais, em uma fábrica têxtil com aproximadamente mil empregados.  Se passaram 6 anos até que Sônia decidisse que queria tomar novos rumos em sua vida.

 

“Eu não me sentia preparada, mas assumi porque a empresa estava ali e precisava dar continuidade a um sonho.”

 

Desejando respirar novos ares e mudar radicalmente sua vida decidiu mudar-se para São Paulo. Mas acabou voltando aos negócios da família quando seu irmão, que comandava a Dudalina, pediu que ela aproveitasse sua estadia na capital e implantasse a marca na região. Sônia assumiu a Diretoria Comercial de forma improvisada, fazendo de tudo um pouco: Marketing, desenvolvimento de produto, desenvolvimento de matéria-prima, vendas e em qualquer outra coisa que pudesse pôr a mão na massa. Sua dedicação fez com que conseguisse levar a marca para grandes lojas de departamento da capital paulista.

Em 2003 a empreendedora se tornou CEO da empresa, implementando o slogan “Amor à camisa e às pessoas”. Durante sua gestão, a marca, que até então era especializada somente em produção de camisaria masculina, lançou-se também como coleção de camisas femininas, e em 25 de novembro de 2010, inaugurou a primeira loja conceito: A Dudalina 595, na zona sul de São Paulo, bairro Paraíso. Foi quando seu faturamento aumentou de R$ 140 milhões em 2009 para R$ 416 milhões no ano de 2012.

Dona Adelina, que havia começado toda a trajetória da Dudalina, faleceu em 2008, em um momento de grande expansão e crescimento da marca, que veio a se tornar a maior camisaria da América Latina, e uma das maiores marcas de moda do país, operando com quatro marcas: Dudalina, Dudalina Feminina, Individual e Base. As vendas anuais da marca ficam próximas a R$ 500 milhões. A frente de tudo isso, Sônia também marcou a internacionalização da marca abrindo seu primeiro showroom em Milão, no ano de 2011. Com seu sistema de franquias, também conquistou espaço no Panamá; Equador; Suécia; duas lojas na Bolívia; E instalando uma fábrica no Peru. Os números da Dudalina são: Mais de 2300 colaboradores, 5 fábricas, um Showroom em São Paulo e 69 lojas sendo 42 próprias e 27 franquias.

No auge do sucesso, em 2012, Sônia enfrentou um câncer de mama, que não a fez parar de trabalhar nenhum momento. A empreendedora deixou a presidência da empresa familiar em 2015 para ocupar uma cadeira no conselho da Holding Restoque, após a compra de 100% das ações da Dudalina em 2014 pela varejista dona das grifes Le Lis Blanc, Bo.Bô, John John e Rosa Chá. Com a incorporação criou-se a maior empresa de moda de alto padrão do país. Os acionistas da Dudalina ficaram com 50% do capital da nova companhia.

Sua passagem pelo conselho, no entanto, não durou muito tempo, escolhendo dedicar-se a causas sociais e incentivando o empreendedorismo feminino. Atualmente ela ocupa o posto de vice-presidente do grupo Mulheres do Brasil e comanda o Lide Mulher. É mentora dos programas Mulheres em Conselho, Endeavor e Winning Women Brasil, da Ernest Young, além de atuar como conselheira do Instituto Ayrton Senna, da Verde Escola e da Fundação Dom Cabral.

Fonte
O Estado de S. PauloPortal Heloisa TolipanÉpoca NegóciosDay 1 - EndeavorReportagem EspecialPrograma Show BusinessPortal O Brasil que vai alémPortal Marina DesabritEconomia IGMemória Fundação Dom Cabral
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