Robinson Shiba, idealizador da marca China in Box, foi o primeiro a trazer para o Brasil o modelo americano de delivery com “comida em caixinha”, quando na época o único conceito conhecido por aqui era da pizza. Porém, do insight até a realização, o empreendedor levou alguns anos de amadurecimento.
Descendente de japoneses, nascido em Maringá, no Paraná, aos 3 anos mudou-se para São Paulo com sua família. Robinson cresceu em meio aos negócios do avô, que tinha uma loja de materiais de construção, optando mais tarde pela odontologia, persuadido pelo pai. Especializou-se em cirurgia e após a graduação decidiu emendar um curto período fora do país com os amigos, viajando para os EUA em intercâmbio. Porém, os planos de viagem que estavam organizados para durar 2 meses acabaram se transformando em 1 ano, quando por um inconveniente destino, Robinson sofre um assalto e perde todo seu dinheiro. Em meio aos estudos e sem nem cogitar a possibilidade de voltar ao Brasil naquele momento, Robinson decide trabalhar no que fosse possível para se manter no país estrangeiro.
“O empreendedor é uma pessoa que acredita. Empreender é crer que vai conseguir.“
Passou então a trabalhar na cozinha de alguns restaurantes como lavador de pratos e, mais tarde, como entregador de pizzas e outros alimentos de fast-food. A experiência pela que Robinson passou o permitiu perceber de perto um modelo de entrega de comida de um jeito que ele não conhecia no Brasil, entregues em caixinhas e, principalmente, por ter trabalhado em cozinhas de comida chinesa, captou a grande demanda que existia para aquele tipo de comida. O lado empreendedor de Robinson começou a estruturar a ideia: Juntar o modelo de delivery com a culinária asiática e trazer o conceito ao Brasil, seria um modelo inédito. No entanto, ao retornar ao Brasil em 1988, os planos idealizados ficaram de lado. Começou a exercer a profissão e administrar 3 consultórios próprios. Algumas vezes a lembrança dos planos de vender comida chinesa voltava à mente do dentista, mas levou algum tempo até que ele resolvesse levar adiante. O empresário só colocou o projeto em pé quando viu que estavam surgindo redes de fast-food chinês nas praças de alimentação dos shoppings. Os 4 anos seguintes foram dedicados ao estudo da possibilidade do negócio com o intuito de aprimorar a ideia, chegando a visitar diversos restaurantes de comida chinesa em São Paulo para sua pesquisa. “É preciso ser uma referência e ter uma atitude coerente com o discurso. Essa regra também vale para ser franqueador. Eu odeio a frase ‘Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço’.” Apesar do caos do cenário econômico e político naquela época, no ano 1992, com o ex-presidente Fernando Collor sofrendo processo de impeachment, hiperinflação e congelamento da poupança, Robinson vendeu dois dos seus consultórios e contou com a ajuda do pai, que acreditando no esforço e na ideia do filho, vendeu um apartamento por um terço do valor de mercado. O empreendedor abriu a primeira unidade do China In Box no bairro de Moema, capital paulista, funcionando unicamente como disk-entrega e com uma linha telefônica custando 3 mil dólares. Robinson distribuía panfletos nos prédios da vizinhança, divulgando a pé seu negócio num raio de sete quilômetros do restaurante. “De tanto caminhar, em menos de um mês perdi quase 20 quilos”, lembra o empresário. Uma curiosidade do início das operações foi que, por se tratar de uma novidade, era comum as pessoas ligarem para o China In Box e perguntarem sobre serviços de instalação de box para banheiros. Após um ano de funcionamento, o conhecimento e a popularidade do modelo de delivery aumentava gradualmente, e um grande número de pessoas procuravam Robinson com o interesse de franquear o negócio. Já ele, mal sabia do que se tratava aquilo, mas pela grande demanda correu atrás de uma consultoria, que o fez enxergar um modelo um negócio muito promissor. Em 1994, participando da sua primeira feira de franquias, o empresário conseguiu, somente nesse dia, formalizar 35 novas unidades. Em dois anos a China In box se expandiu rapidamente, se tornando a maior rede fast-food de comida chinesa da América Latina. Em 2007 a rede se associou ao restaurante japonês Gendai formando o grupo Trendfoods, tendo Robinson como presidente. O empreendedor também é dono do restaurante Owan, de comida oriental. Sua rede chega a atingir faturamentos de R$ 420 milhões. Em números, são 160 lojas, em 22 estados e em mais de 70 cidades do Brasil. .