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Histórias cruzadas ao acaso resultam em marca de beleza milionária

 

Aos 68 anos e atualmente integrante do Conselho da Companhia Natura, Guilherme Leal decidiu apostar suas fichas no empreendedorismo quando se viu desempregado em 1979, com 29 anos, casado e dois filhos pequenos. Apesar da situação arriscada a oportunidade acabou falando mais alto. Decidiu abrir sua própria distribuidora chamada Meridiana e seu primeiro cliente foi nada menos que Antônio Luiz Seabra, fundador da Natura 10 anos antes.

Sua história começa na cidade de Santos, São Paulo, nascido no dia 22 de fevereiro de 1950, caçula entre quatro irmãos. Mudou-se para a capital aos 9 anos de idade e passou a estudar no Colégio Rio Branco. Aos 17 anos, para ajudar em casa, conseguiu seu primeiro emprego e após o término do colegial ingressou na USP, no curso noturno de Administração de Empresas, enquanto trabalhava durante o dia.

Guilherme passou por várias pequenas empresas e instituições bancárias até conseguir empregar-se como superintendente na Fepasa, extinta empresa de trens do estado de São Paulo. Sua estabilidade, no entanto, logo foi abalada durante uma mudança de comando na companhia em 1979: Guilherme foi demitido.

“Nós como seres humanos nascemos para sermos felizes e o empreendedor tem que ajudar a construir felicidade, pra si mesmo, pra comunidade e pro planeta que a gente compartilha

Desempregado, vendeu um terreno de aproximadamente 40 mil dólares que ele tinha na região da Granja Viana, sacou seu dinheiro do FGTS e deu início a uma distribuidora chamada Meridiana. Seu cliente, Antônio Luiz Seabra, havia começado a empresa de cosméticos Natura em 1969, como uma pequena loja na rua Oscar Freire. Os produtos já eram vendidos em algumas poucas capitais do Brasil na época e com o tempo passou a ser feita por venda direta através de consultoras. Foi com a entrada de Guilherme no negócio que centrais de recrutamento e treinamento foram criadas enquanto ele se dedicava a viajar pelo Brasil,  expandindo a rede de consultoras da empresa.

Em 1981 veio o convite para Guilherme fazer parte da criação da marca “L’Arc em Ciel”, parte da Natura e que acabaram sendo unificadas em 1988, passando então, Guilherme, a fazer parte da Natura e dividindo ações com Antônio e Pedro Passos. Desde aquela época, a ideia foi construir uma empresa que praticasse a responsabilidade socioambiental em seus processos. Foi Guilherme que colocou em ação projetos de sustentabilidade como o programa Crer para Ver da marca, que ajuda na melhora da educação pública do país. Além do Programa Amazônia, que incorpora ativos da biodiversidade na produção de cosméticos, mantendo relações econômicas e ambientais sustentáveis com comunidades agroextrativistas (são mais de 7 mil colaboradores). Desde 2015,  a Natura tem o título de maior B Corporation do mundo e atualmente está em primeiro entre as empresas de cosméticos nacionais, apresentando um lucro líquido de R$ 256,8 milhões no quarto trimestre de 2017.

 

“A capacidade empreendedora vai muito além dos muros da empresa e que a empresa do futuro e de sucesso, cada dia mais, não tem como deixar de incorporar as dimensões sociais e ambientais nos seus objetivos.”

 

Em 1997 Guilherme participou da criação do conselho de administração vislumbrando a abertura do capital da empresa em 2004, mesmo ano em que deixou suas funções executivas para ocupar a cadeira de copresidente do Conselho de Administração. Hoje sua participação no conselho é voltada para o desenvolvimento de novas lideranças executivas. E para além do trajetória empreendedora, Guilherme sempre buscou atuar de forma direta em diversas outras frentes, na luta pelo meio-ambiente  e políticas socioambientais, como em 2007, quando ajudou a fundar o “Movimento Nossa São Paulo”, buscando a melhora da qualidade de vida na capital. Também foi vice de Marina Silva nas eleições de 2010, pelo Partido Verde.  

O forte engajamento de Guilherme o leva a dedicar a vida a participação e promoção de diversas organizações empresariais e sociais, como a Fundação Abrinq, Instituto Ethos – Empresas e Responsabilidade Social e Instituto Akatu (Instituto Akatu pelo Consumo Consciente. Também esteve envolvido com instituições como o Conselho Empresarial da América Latina, o G50 e o Ashoka Social Entrepreneurs. Ingressou nos Conselhos do Fundo Brasileiro da Biodiversidade (Funbio) e do WWF Brasil e fez uma parceria com o Instituto de Pesquisas Ecológicas para a criação da primeira Faculdade Brasileira de Conservação e Sustentabilidade Ambiental (Escas).

Desde 2008, o empreendedor se dedica a sua ONG, Instituto Arapyaú, dedicada à educação e desenvolvimento sustentável na Bahia, Amazônia e em São Paulo. Em julho de 2017, Guilherme decidiu investir em uma nova empreitada: sua marca de chocolates finos, Dengo. Com algumas lojas já abertas em São Paulo e Rio, seu objetivo é trabalhar com chocolate 100% nacional, empregando nas lojas vendedores baianos, sempre que possível. Além da utilização de embalagens sustentáveis.  E para desenvolver sua marca, Guilherme criou o Centro de Inovação do Cacau, na Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), entre Ilhéus e Itabuna (BA) e uma rede de 120 produtores.

Além da Natura e da Dengo, Guilherme é acionista da Amata, de reflorestamento e da Agrícola Conduru, que cultiva cacau. Em 2006, estreou na lista das pessoas mais ricas do mundo, segundo a revista Forbes, com uma fortuna avaliada em US$ 2,1 bilhão.

Fonte
Suno ResearchIBC CoachingB TeamBBC BrasilEndeavorUolJornal O GloboÚltimo Segundo IGRevista Pequenas Empresas Grandes NegóciosGazeta do PovoÉpoca NegóciosPrazericesEntrevista "É Notícia" em 19/09/10
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