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Como o homem que sonhava ser professor se tornou o maior varejista da América Latina.

É impossível não ver as marcas que a família Diniz espalhou por todo o país: como o GPA (Grupo Pão de Açúcar), uma das maiores varejistas da América Latina. Dentro dessa história está Abílio Diniz, um empreendedor reconhecido nacional e internacionalmente, que fez seu nome no mundo dos negócios trabalhando junto ao pai desde seus 12 anos. A história desse legado começa com a determinação de um humilde imigrante português, Valentim dos Santos Diniz, que inspirado pela vista do morro do Pão de Açúcar durante sua imigração para o Brasil, fundaria em 1948, no dia 7 de setembro, a Doceria Pão de Açúcar, que oferecia serviços de buffet para eventos sociais.

Abílio, primogênito de 6 filhos, criou-se nos jogos de futebol nas ruas do bairro Paraíso em São Paulo, e desde cedo ajudava o pai atrás do balcão preparando os doces e empadas, além de percorrer cartórios e igrejas oferecendo os serviços de Buffet. Em 1952, o negócio já tinha duas filiais localizadas na região central da capital. Porém, o empreendedor, apesar de ajudar ativamente nos negócios do pai, carregava o sonho de ser professor universitário. Aos 23 anos, em 1956, formou-se na segunda turma de Administração de Empresas da FGV e se preparava para cursar uma Pós-Graduação na Universidade de Michigan, no qual havia sido aceito nos exames. Nesse momento, seu pai lhe pede ajuda para a abertura de um supermercado, e mesmo sem entender nada do negócio, Abílio trocou o sonho da docência pelo cargo de executivo, assumindo o projeto de implantação do primeiro supermercado Pão de Açúcar.

Conduzindo-se pela linha de “Diagnóstico, Planejamento e Ação”, sem internet naquela época, ele buscou na literatura e nos modelos de negócios já existentes no cenário nacional e internacional a base de informações de que precisava para seguir em frente. Até mesmo coletando informações com a futura concorrente, os supermercados Peg-Pag. A primeira unidade foi aberta em abril de 1959, na Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, sendo a única unidade Pão de Açúcar durante 4 anos, onde Abílio encarava o negócio com a mão na massa.

Quando tinha muito movimento eu ia para o caixa. Aprendi a desossar carne, abrir frango, separar verdura. Tínhamos pouca gente, cerca de 30 pessoas na primeira loja.”

Durante esse período, com grande senso de responsabilidade, Abílio preocupou-se em assegurar ao pai que não daria nenhum passo em falso, já que para crescer precisava ter a convicção de que estava dominando o negócio. E principalmente porque, desde o diagnóstico, ele percebeu que aquele era um negócio que tinha potencial para ser grande, maior do que poderia sonhar seu pai.

 

“Meu pai me apoiou sempre, até 2008, quando morreu. Mas [o pai] teria parado o crescimento antes. Eu sempre fui um expansionista.”

 

A segunda loja foi aberta em 1963, na rua Maria Antônia, no bairro de Higienópolis. E foi com a perspectiva de um grande futuro em mente e com visão empreendedora que dedicou-se a absorver o máximo de conhecimento que pôde daquele mercado. Visitando durante 4 meses empresas pela Europa e EUA, especializou-se em Marketing na Universidade de Ohio, além de estagiar em uma rede de supermercados enquanto cursava Economia na Universidade Columbia, em Nova York. Durante sua trajetória no Grupo, Abílio encabeçou a aquisição de redes como os supermercados Quiko e Tip Top, Superbom, Peg-Pag e Mercantil, além da abertura de lojas em Portugal, Angola e Espanha, elevando o grupo Pão de Açúcar ao título de maior grupo varejista do Brasil, e criando a rede Extra Hipermercados.

Tempos difíceis porém viriam, quando nos anos 90, os alicerces da fortaleza Grupo Pão de Açúcar foram drasticamente abalados pelo governo Collor, onde Abílio propôs três ações básicas: “Corte, Concentre, Simplifique”. Descendo na hierarquia, além de se desfazer de várias lojas da rede e cortar níveis, Abílio se despiu do executivo e se aproximou da base operacional até que a rede retomasse o fôlego. Adquiriram mais tarde a rede Assaí, Ponto Frio e uniram-se às Casas Bahia.

A marca GPA (Grupo Pão de Açúcar) construiu-se nas mãos de Abílio como o maior grupo varejista e de distribuição do país, com mais de 2 mil pontos de venda, hoje fazendo parte do Grupo Casino. Segundo dados divulgados pela própria empresa, em 2017 o lucro foi de R$ 865 milhões.

Aos 81 anos, o empreendedor continua com força muito presente no ramo empresarial a frente do Conselho de Administração da BRF (uma das maiores companhias de alimentos do mundo) e membro dos Conselhos de Administração do Grupo Carrefour e do Carrefour Brasil.

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