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Ele largou o tênis para fazer do mercado de bebidas seu esporte preferido

 

Nascido no dia 26 de agosto de 1939 no Rio de Janeiro, Jorge Paulo Lemann aos 78 anos  é hoje um dos empresários mais bem sucedidos e ricos do Brasil. Filho de pai suíço e mãe brasileira (filha de imigrantes suíços), o empresário cresceu no bairro do Leblon e iniciou seus estudos aos 5 anos na Escola Americana.

Ao contrário de uma educação formal e rígida, Paulo Lemann foi criado com bastante liberdade e autonomia. Sempre amante dos esportes e acostumado a conviver com uma diversidade de pessoas, ele acredita que crescer assumindo riscos, tomando decisões com grau de liberdade e independência maior que a maioria dos colegas da mesma idade, o ajudou a amadurecer rápido e criar autoconfiança.  Lemann começou a treinar tênis e competir pelo país afora desde muito jovem. Com 12 anos, era conhecido como Jorge Americano pelos colegas surfistas do Arpoador, e além do surfe praticava a pesca de mergulho.

Aos 17 anos, em 1958, embarcou pela primeira vez para os Estados Unidos para estudar Economia em Harvard, onde inicialmente não foi um aluno exemplar. Por conta da liberdade do qual sempre usufruiu teve certa dificuldade com a disciplina formal, o que acabou o fazendo ser suspenso por jogar bombinhas no pátio do seu dormitório. Um ano depois, antes do fim do prazo da suspensão, voltou a estudar e conseguiu se graduar aos 20 anos, antes da sua turma, em 1961.

“Dou muito valor a experiências, a oportunidades de tomar decisões e a errar para aprender.

Sua primeira experiência profissional foi no banco de investimentos chamado DeoTech, precursor dos bancos de investimentos no Brasil, onde ficou durante 1 ano. Sem saber ainda exatamente o que queria, acreditava que estar dentro de um banco de investimentos era a oportunidade de ver vários negócios e possibilidades, sem se comprometer exatamente com uma carreira específica. Depois, fez um estágio de 7 meses no banco de investimentos Credit Suisse, em Genebra e chegou a atuar como jornalista de negócios para o Jornal do Brasil.

Após experimentar o mundo financeiro, dedicou-se 1 ano ao tênis, participando de competições pela Europa e chegando ao topo do ranking mundial por três vezes. Foi penta campeão brasileiro no esporte, participou da Copa Davis, e esteve presente em Wimbledon e Roland Garros.

Ao retornar ao Rio, Juntou-se a um grupo de “Ivy Leaguers”, fundadores da financeira Invesco, que atuava com concessão de crédito e do qual se tornou sócio, com uma participação de 2%.  Mas a empresa veio a falência em 4 anos (1966), quando Lemann tinha 28 anos.

Com o primeiro tropeço, Lemann começou a trabalhar na corretora Libra, controlada pelo Banco Aliança. Detinha uma fatia de 13% da firma, mas em 1970, depois de tentar comprar o controle da corretora, Lemann deixou a empresa para se lançar novamente no empreendedorismo. Em 1971, aos 31 anos, o empresário decidiu juntar todas as economias que tinha e comprou uma pequena corretora de valores chamada Garantia, que intermediava operações de compra e venda de papéis financeiros para clientes no Rio de Janeiro. Começou operando em bolsa mas migrou para o mercado de títulos assim que o Banco Central  criou o mercado de Títulos Governamentais.

 

“Meu desejo de liberdade e disposição para correr riscos me mantinham na rota de tentar inovar, sonhar grande, em vez de me contentar com um bom salário e segurança.”

 

Enquanto os negócios iam bem, Lemann precisou comprar a parte dos sócios e trazer novos para a empresa, que foram Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira – amigos e sócios inseparáveis. Em 1976, a corretora foi procurada pelo Banco americano JP Morgan, com a proposta de fazer um banco de investimento no Brasil em parceria com Lemann. As negociações ocorreram mas Lemann mudou de ideia e decidiu injetor capital próprio na firma, obteve uma carta patente e criou o Banco Garantia.

Em 1983 compraram o controle das Lojas Americanas, e em 1989, por U$S 60 milhões de dólares, adquiriram a cervejaria Brahma. O Garantia, ao longo de 30 anos, tornou-se uma das maiores empresas de investimento do Brasil. Lemann incorporou ao Garantia uma cultura empresarial de meritocracia, intenso treinamento e mecanismos que dessem oportunidades aos colaboradores. Além disso, adotou o sistema de transformação desses colaboradores em sócios pela via da distribuição de ações. No início, ele mesmo vendia parte de suas ações, de modo a transformá-los em sócios.

Em 1993, o trio Lemann, Marcel e Carlos funda a GP Investimentos (maior fundo de Private Equity do país).  Apesar da vida praticando esportes e mantendo hábitos saudáveis, em 1994, Lemann sofreu um ataque cardíaco aos 54 anos, mesmo ano em que o  Garantia lucrou quase 1 bilhão de dólares.

Em 1998, o Banco Garantia foi vendido para o  Credit Suisse First Boston, por US$ 675 milhões. Na época, ao descobrir um rombo milionário, o trio preocupado em proteger suas empresas: Lojas Americanas e Brahma, acabaram por colocar o Garantia a venda.

Em 1999, Lemann se muda com sua família para Zurique, Suíça, após uma tentativa de sequestro dos seus filhos. No mesmo ano, a Brahma compra a cervejaria Antarctica, e ergue-se a multinacional AmBev. Em 2004, o trio de sócios se retira da GP Investimentos, e a Ambev se une a belga Interbrew por US$ 11 bilhões, formando a InBev. 4 anos depois a InBev compra a americana Anheuser-Busch, fabricante da Budweiser, por U$S 52 bilhões de dólares, tornando-se a maior cervejaria do planeta, com faturamento de US$ 39,8 bilhões em 2012.

Em 2004, criam a 3G Capital, empresa de investimentos em empresas americanas, e em 2010, o controle mundial da rede de fast-food americana Burger King passa a ser da 3G. Em 2013, a 3G e a Berkshire Hathaway unem-se  para comprar a fabricante de alimentos americana Heinz, por U$S 28 bilhões de dólares.

Lemann além de administrar a Fundação Estudar, criou em 2002 a Fundação Lemann, que promove a melhoria da rede pública de ensino, criação de plataformas educacionais e apoia o esporte através do Instituto Tênis, também fundado por Lemann. O empresário é investidor do Gera Venture Capital, empresa de investimentos focada em educação e também do Eleva Educação. Atualmente é dono de quatro redes de escolas que somam mais de 65 mil alunos e 1,5 mil professores.

Em 2016, junto ao empresário Abílio Diniz, adquiriram 80% da famosa rede de padarias paulistana Benjamin Abrahão, transformando-os em  sócios majoritários. Já em 2017, a AB InBev anunciou a fusão com a SAB Miller, por um valor de US$ 108 bilhões, criando o maior grupo de cerveja do mundo e  tornando-se responsável por 30% do mercado global. Atualmente, o empresário ocupa o posto de primeiro homem mais rico do Brasil e 22° no mundo.

 

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