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A brasileira por trás do amado cartão “roxinho”

 

Nascida em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, Cristina Junqueira é a representante brasileira e feminina do trio fundador do cartão de crédito que tem mudado o cenário do país e a relação das pessoas com suas finanças. Sempre muito precoce, a empresária de 34 anos é fundadora e atual vice-presidente do queridinho Nubank.

Se mudou com os pais para o Rio de Janeiro ainda bebê e aos 17 anos foi morar sozinha em São Paulo, onde cursou engenharia de produção na USP e morou em uma república com mais 3 meninas. Em seguida, fez mestrado em engenharia ainda na USP e aos 23 anos, mudou-se para Chicago e cursou MBA em finanças e marketing na Kellogg School of Management.

Assim que terminou seu curso, recebeu de Pedro Moreira Salles, então presidente do Unibanco, uma proposta para voltar ao Brasil e liderar uma equipe como superintendente de negócio. Em sua jornada de 4 anos na empresa, ela passou por muitas coisas: mudou de cargo 2 vezes, enfrentou a crise econômica de 2008 e acompanhou a fusão entre Unibanco e Itaú.

Empreender não é glamuroso, a gente precisa olhar para as dificuldades de maneira natural. Vai doer. Se não estiver doendo é porque você não está indo rápido o suficiente.

No início de 2013, no auge de sua carreira, Cristina sentia que poderia causar um impacto maior na sociedade. Pediu, então, demissão do banco sem ter planos para o dia seguinte. Nesse período, assistiu dezenas de TedTalks e leu livros, procurando algo em que acreditasse ser um bom negócio. Foi quando seu caminho cruzou o do colombiano David Vélez.

O colombiano passara anos procurando algum problema que pudesse resolver com o empreendedorismo, e ao se mudar para o Brasil, passou 6 meses tentando abrir uma conta no banco. A partir daí, identificou uma grande falha na experiência do cliente e percebeu que era necessário repensar completamente essa situação para ser algo fluido e menos burocrático.

“Sei da grande responsabilidade que tenho por ser uma mulher liderando um negócio de sucesso na área de tecnologia, que é essencialmente masculina.” 

Quando Cristina conheceu David e o americano Edward Wible, terceiro fundador da companhia, se apaixonou pela ideia. Com pouca idade, os três ouviram inúmeras vezes que era impossível colocar de pé um projeto tão inovador. Ignorando todos os conselhos pessimistas, investiram dinheiro do próprio bolso e no começo faziam todas as tarefas. O SAC, por exemplo, caía direto no celular da empresária.

Em maio de 2013, a fintech Nubank (nome que vem de nudez, uma referência à transparência e à ausência de papel e burocracia) começou a ser elaborada em uma casinha na rua Califórnia, no bairro Brooklin. A preocupação do trio era como conquistar clientes, uma vez que as pessoas tinham uma imagem super negativa dos cartões de crédito, e foi uma surpresa as pessoas se apaixonarem pela ideia, tendo apenas o aplicativo como meio de comunicação.

Já nos primeiros meses, conseguiram captar US$ 2 milhões de fundos de investimento importantes: Sequoia Capital e Kaszek Ventures. Com o aporte, colocaram a empresa para funcionar e em abril de 2014 emitiram os primeiros cartões. A partir dali, tudo começou a acontecer muito rapidamente, chegando a um crescimento de 60% ao mês.  A sede na casa durou pouco, a equipe cresceu, e no final de 2014 eles se mudaram para um prédio comercial. Escritório que durou apenas 6 meses, já que o time não parava de aumentar. A última e atual mudança se trata de um prédio na Avenida Rebouças.

Um acontecimento marcante na vida da empresária foi o nascimento de sua filha no auge da abertura da empresa. Entrou em trabalho de parto durante uma reunião e, entre as contrações, Cristina respondia e-mails. Alice nasceu saudável e curtiu a companhia da mãe por uma semana, que logo voltou a trabalhar. A empreendedora não se orgulha disso, mas acredita ter feito o que era necessário na época.

Com apenas 4 anos de existência, o Nubank é reconhecido como uma das fintechs mais revolucionárias do país. E os fundadores são ambiciosos: querem atingir 100% do país. Para isso, investem em um time multicultural, com pessoas de 25 nacionalidades, sendo 40% formado por mulheres, e 30% pertencente à comunidade LGBT. A equipe passou de 30 para 300 pessoas em 2015, aumentou para 500 funcionários em 2016, e hoje conta com um time de 850 pessoas. Tudo para atender com excelência cerca de 3 milhões de clientes.

O Nubank tem um squad para bombar nas redes sociais. A empresa é uma das queridinhas da internet, com diversas ações que viralizaram. Uma das mais famosas do cliente que ligou para reclamar que a compra de um lanche foi cobrada 2 vezes e, além de ter o valor estornado, recebeu uma sanduicheira roxa com receitas escritas à mão. Isso é levado tão a sério que os autores das melhores ideias recebem prêmios, pois acreditam que o melhor marketing é o boca a boca que as redes sociais promovem: através disso, cada cliente leva, aproximadamente, outros 3 para a empresa.

Outra novidade anunciada, em 2017, foi a NuConta: uma conta digital de pagamentos, onde todo o dinheiro é depositado em nome do cliente e investido em títulos públicos. Cerca de 1% dos ganhos sobre o rendimento será retirado para pagar os custos operacionais da NuConta.

Em 2018, receberam sua sexta rodada de investimento, chamada série E. Foram arrecadados US$ 150 milhões, investidos pelo fundo DST Global. No total, todos os investimentos já somam cerca de 330 milhões de dólares. Aportes esses, que colaboraram para que a fintech Nubank se tornasse mais um unicórnio brasileiro, empresa avaliada acima de US$ 1 bilhão.

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