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A história do Vietnamita que deu a volta por cima inúmeras vezes

 

Um refugiado da guerra do Vietnam que usou a tragédia como impulso para vencer no Brasil. Caçula da família, Thái Quang Nghiã nasceu em Saigon, no Vietnã. Seu pai geria campos de arroz e vendia para o governo. Em uma região colonizada pela França, Thái estudava em escola católica. No ano 1974, o Vietnã do Norte invade Saigon e a  família de Thái que era considerada burguesa na localidade, tem todos os bens tomados e a são obrigados a morar em um apartamento. Thái teve que sair da escola, e como punição por falar mal do regime comunista, foi mandando para um campo de reeducação, sendo obrigado a fazer trabalhos forçados desde as 5 da manhã até a noite. A situação durou um mês, até ser liberto e decidir fugir.

Aos 20 anos, entrou  em um barco pesqueiro com mais 67 pessoas, em 7 de outubro de 1978. Foram 3 dias e 3 noites sem comida, esperando por ajuda até que foram resgatados por um navio da Petrobras chamado Jurupema.  

Ao chegar ao Brasil, o empreendedor descreve-se naquela época como surdo, mudo e cego, pois não conseguia se comunicar. Em São Paulo, morando em albergue, treinava diariamente com um dicionário francês-português para aprender o idioma, e sobrevivia com R$ 50 reais por mês pelo programa da ONU para os refugiados.

Perdi tudo: Família, laços sentimentais, língua materna, estudos , culturas, comidas… mas ganhei um único valor: a liberdade

Foi com persistência e dedicação aos estudos que prestou vestibular na USP. Cursou Matemática e fez cursos em computação pelo Senai e Senac e em 1986, e ainda na faculdade já estava ganhando bem trabalhando como programador no Unibanco.

Apesar de ganhar bem no banco, Thái almejava algo mais sólido para o futuro. Na época, uma amiga vietnamita que havia montado uma fábrica de bolsas, veio a falir em 1986, ano do Sarney e da instauração do Plano Cruzado. Devendo dinheiro para Thái, ela entregou a fábrica e um estoque de 400 bolsas para ele administrar. Não era exatamente o pagamento que ele esperava, e muito menos aquilo representava o valor total do empréstimo, mas mesmo assim decidiu arriscar. Conseguiu vender tudo em apenas 15 dias e começou a ganhar dinheiro, tanto que acabou percebendo que ganhava mais do que trabalhando no banco.

 

“Muitas marcas utilizam da sustentabilidade como um rótulo para agregar valor ao seu produto, a Góoc sempre trouxe o tema como filosofia da marca.”

 

Com os negócios indo bem, formou-se em Administração em 2002, e logo após decidiu viajar para a Europa em busca de novas ideias. Porém, foi no seu país que ele viu uma nova oportunidade de negócio, percebendo que os gringos, quando iam embora do Vietnã, sempre levavam uma sandália feita de pneu como souvenir. Decidiu fazer a experiência no Brasil, que viria a se transformar na marca Goóc, que em Vietnamita significa “Raíz”.

Usando o pó do pneu e misturando com borracha natural, a primeira amostra da produção das sandálias foi na feira Couromoda, em São Paulo. Conseguiu a partir dali a atenção da mídia nacional, e conquistou grandes varejistas como clientes, como a Avon, para quem já chegou a fornecer 15 mil pares por dia. Thái alcançou a marca de venda de mais de 6 milhões de unidades por ano. Em um pulo de 2 anos a empresa fornecia para 10,5 mil pontos de vendas pelo Brasil, e até para o exterior, faturando R$ 63 milhões em 2006.  

Porém, o enorme sucesso fez Thái perceber que a estrutura do negócio não era suficiente, pois ele deixava de entregar 60% das encomendas. Decidiu então encurtar um portfólio que contava com 400 produtos para 20 produtos, mas acabou perdendo cada vez mais clientes.

Em 2011, faturando R$ 60 milhões, administrava 280 funcionários, duas fábricas em São Paulo e uma em Feira de Santana, na Bahia. Ainda mantinha clientes grandes como C&A, Avon e Galeries Lafayette, empresa francesa. Mas a resiliência de Thái seria novamente testada, quando em setembro do mesmo ano um incêndio destruiu por completo sua fábrica em Brotas/SP.

Frente às dificuldades que quase levaram seu negócio à extinção, o empreendedor decidiu terceirizar sua produção na cidade de Franca e apostar no modelo de franquia com um custo de R$ 65 mil. Selecionou um mix de produtos a serem oferecidos – 20 tipos de calçados e 10 de bolsas e mochilas – mirando no consumidor classe C.  Atualmente 80% da produção da marca se concentra nos chinelos, que para Thái são um símbolo de resistência.

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