Aos 26 anos, nascido e criado no Guarujá, Pedro Conrade é CEO do primeiro banco brasileiro 100% digital, o Banco Neon. Criado pelo pai, o empresário que conheceu o empreendedorismo aos 16 anos, já enfrentou uma grande crise e tem como missão revolucionar a relação das pessoas com seus bancos. Pedro é a representação do empreendedorismo e, de fato, possui um DNA inovador.
A história empreendedora de Conrade começou com uma loja de biquínis aos 16 anos, no Guarujá, após ouvir suas amigas falarem que na cidade só encontravam biquínis muito caros ou de qualidade ruim. Com a ajuda de seu pai, hoje falecido, eles iam no Brás, em São Paulo, compravam os biquínis e vendiam no Guarujá pelo dobro do preço. O negócio foi vendido após 2 anos, quando Pedro se mudou para São Paulo para estudar administração, a pedido do pai. No meio do caminho, conseguiu bolsa de estudos para fazer um curso de empreendedorismo em Boston e depois um outro curso de negócios em Frankfurt. De volta ao Brasil, empreendeu na área de compras coletivas com uma empresa chamada Reurbano, que durou apenas 8 meses, pois nem ele e nem o sócio tinham experiência na área.
“Todas as minhas experiências anteriores não tiveram um grande planejamento estratégico. Por isso, digo que o principal aprendizado está ligado com a execução.“
A idéia do atual empreendimento começou a se formar quando tinha sua conta em um tradicional banco, e após usar R$ 1,30 de seu cheque especial, foi cobrada uma tarifa de 46 reais. Indignado, Pedro decidiu cancelar sua conta e começou a pesquisar as tendências do exterior. Percebeu que a solução mais fácil e inovadora era um serviço de cartões pré-pago, criando a startup Controly, empresa que manteve por 1 ano, conquistando 10 mil clientes, mas que saíam devido à limitações como não permitir transferências, fazer investimentos, etc.
“Vale muito mais uma ideia normal com uma execução incrível do que uma ideia fantástica com execução fraca. A execução está relacionada com a questão de falar menos e fazer mais.”
Após ter uma grande matéria publicada no jornal O Estadão, Conrade decidiu que era hora de crescer e realmente se tornar um banco digital. Foi quando, em Dezembro de 2015, a Controly fez uma joint-venture (união de empresas durante período determinado) com o Banco Pottencial, montando o “conceito” do Neon. Dessa fusão foram criadas duas vertentes, o que antes era o Banco Pottencial virou Banco Neon, e a Controly se tornou a Neon Pagamentos. Confusão que acarretaria uma crise poucos anos depois.
No começo do ano seguinte, com apenas 24 anos, Pedro se tornava o mais novo banqueiro do país. Com um produto totalmente inovador e com o objetivo de ensinar o jovem a gerenciar seu dinheiro sem taxas abusivas. Seu banco atingiu a marca de 5 mil pedidos de abertura de conta nas primeiras 48 horas do lançamento, e a partir dali teve um crescimento exponencial.
No dia 3 de maio de 2018, a marca Neon aparecia nas notícias por um excelente motivo: um aporte de R$ 72 milhões feito por investidores, o maior valor para série A já feito no Brasil. Antes disso, só havia recebido investimentos anjo que somavam R$ 16 milhões. Segundo o CEO da companhia, o valor será destinado à ampliação da equipe, investimentos em marketing e infraestrutura do novo escritório.
Porém, após exatamente um dia, o nome Neon reaparece em todas as notícias, dessa vez representando a maior crise enfrentada até então. A Neon Pagamentos, empresa fundada e comandada por Pedro Conrade, era uma afiliada do Banco Neon, instituição que em 4 de maio recebeu uma ordem de liquidação extrajudicial, feita pelo Banco Central, após descumprir regulações do mercado financeiro.
Douglas Godinho e Argeu de Lima Géo, do antigo banco Pottencial, foram condenados por registrar ativos fictícios para inflar as receitas da empresa. Eles recorreram e o processo ainda não foi julgado pelo Tribunal Regional Federal, em Brasília. Segundo a acusação, o Banco Neon S.A. estava com o patrimônio líquido negativo na ordem de R$ 28 milhões.
Durante o fechamento do Banco Neon, as operações da Neon Pagamentos foram afetadas, mas nenhum de seus clientes perdeu 1 centavo. Segundo regra do Banco Central, o empresário também se filiou a outro banco “liquidante” para continuar as operações normalmente. Pouco tempo depois, foi possível entender que, apesar de usarem o mesmo nome, o banco e o serviço de pagamentos eram 2 empresas diferentes e a companhia de Pedro não havia cometido nenhuma fraude.
Hoje, a Neon tem mais de 600 mil usuários e 190 funcionários, a maior parte formada por desenvolvedores. A meta é chegar a 1 milhão de clientes e 230 funcionários até o fim do ano. O empresário promete sempre tentar manter transparência e as menores taxas, transformando a necessidade das pessoas em relação a seus bancos.