Listado pela Forbes como um dos 30 jovens mais transformadores do Brasil e eleito pelo MIT o jovem mais inovador do Brasil, o mineiro Tallis Gomes idealizou um aplicativo de chamadas de táxi quando tinha 24 anos. Chegou a ouvir que se a ideia fosse boa já teria sido feita nos EUA e hoje o Easy Taxi é uma das maiores empresas de serviço mobile do mundo.
Filho de policial militar e de uma cabeleireira, o empreendedor cresceu na cidade de Carangola (MG) com acesso a uma educação pública não muito satisfatória. Já havia se imaginado como atirador de elite e músico (tinha uma banda de rock chamada “Tráfico de rock”), mas quanto ao último não foi muito incentivado.
A sua história com o empreendedorismo surgiu aos 14 anos, em 2001, quando o baterista da sua banda precisou de uma bateria nova. Tallis teve a ideia de comprar celulares pela internet e revendê-los na região adicionando uma porcentagem de 25% no preço. Ele oferecia os aparelhos por um catálogo criado com “prints” dos anúncios do site e em pouco tempo conseguiram comprar a bateria. O negócio continuou dando certo até conseguir mudar-se para Juiz de Fora sozinho, com 16 anos e financiar a própria educação. Após terminar o colégio foi morar no Rio de Janeiro, onde iniciou o curso de Marketing na ESPM.
“Se você resolve problema e ganha dinheiro com isso você tem uma empresa, mas se você resolve o problema e não ganha, você tem uma ONG.“
Conseguiu um estágio no Grupo Severiano Ribeiro de Cinemas (o Kinoplex), entre 2005 e 2006. Empolgado com as possibilidades das Social Medias na época, Tallis lançou por conta própria uma promoção pelo Twitter da empresa sorteando um passaporte para 1 ano de cinema grátis se a página alcançasse 5 mil fowlers. Em 15 dias a meta foi alcançada e ele foi efetivado como Analista Júnior 6 meses depois. Fundou sua primeira empresa 1 ano depois: a E-Spartan. Uma agência de gamificação e mídia social que não teve mais que dois clientes, que se mantiveram por no máximo 7 meses até o negócio falir.
Carregando sua primeira falha, Tallis voltou ao mercado trabalhando na gestão de marketing do time Unilever Vôlei. Algum tempo depois decidiu arriscar-se novamente e fundou a Tech-Samurai: uma agência de construção de software que gerencia Developers à distância. Em menos de 1 ano a empresa já faturava R$ 60 mil. Voltou ao mercado por um tempo como gerente nacional de marketing para a Ortobom. Após desenvolver um E-commerce e conseguir um faturamento de R$ 500 mil por mês, regressou a Tech-Samurai e decidiu largar a faculdade.
Em 2011, Tallis com mais 16 pessoas, participava de um evento de startups (Startup Weekend) no Rio de Janeiro, com a proposta de desenvolver um aplicativo de geo-localização para ônibus. No entanto, ainda no primeiro dia do evento, foram avisados que a Google já estava fazendo algo parecido. Chovia muito naquele dia, e depois de passar horas buscando uma nova ideia sem sucesso, Tallis passou pela experiência que mudaria sua vida: na tentativa de achar um táxi para ir embora, não conseguiu nenhum.
“Eu sai bravo na rua para tentar conseguir um táxi, debaixo de chuva, e foi nesse tempo que veio um insight: ‘por que eu não uso o mecanismo de geolocalização para poder conseguir um taxi para as pessoas?’”
O EasyTaxi surgiu dali e acabou sendo um dos campeões daquele edição do Startup Weekend. Enquanto ainda não encontrava o modelo de negócio perfeito para o seu funcionamento, eles conquistaram bastante visibilidade ao participar de eventos e competições, conquistando premiações na Startup Farm da Microsoft, no IBM Global Smartcamp Brazil, no TNW Awards e no Spark Awards, como melhor aplicativo mobile da América Latina. Aquela altura, Tallis já havia vendido sua parte na Tech-Samurai para se dedicar 100% ao aplicativo.
O lançamento oficial do aplicativo foi em abril de 2012. O jovem empreendedor precisou vender seu carro e seu sócio precisou pegar empréstimo para financiar a compra de smartphones para alugá-los aos taxistas, mas em pouco tempo perceberam que esse não era o caminho. Durante esse período mais complicado do negócio, ficando cada vez mais sem recursos, Tallis percebeu que a única forma de deslanchar era fazer com que o taxista comprasse o próprio celular.
O desafio principal foi modificar a cultura dos taxistas cariocas. A maior parte do trabalho foi na rua mesmo, indo aos churrascos, jogando bola com eles e ficando amigo dos chefes de ponto. Por outro lado, eles também precisavam conseguir passageiros que usassem o Easy Taxi, por isso ficava na porta de hotéis, de domingo a domingo, apresentando o aplicativo para os turistas, principalmente os estrangeiros. Os taxistas ficavam curiosos do porque tanto gringo usava a tecnologia, e para valorizar Tallis dizia que o aplicativo já era um sucesso internacional. O boca a boca foi um grande aliado na aderência dos taxistas e dos passageiros.
O primeiro aporte de R$ 10 milhões veio do fundo de investimento alemão Rocket, em 2012, permitindo à Easy expandir suas operações nacional e internacionalmente. Em 2013 a Easy Taxi já contava com mais de 1 milhão de downloads, 30 mil motoristas, já haviam chegado a Ásia, América Latina e vários novos mercados: Malásia, Filipinas, Tailândia, Hong Kong, África e Arábia Saudita.
É a startup brasileira que mais recebeu investimento na história do país de sete fundos diferentes, com mais de US$ 77 milhões em aportes. Hoje ele funciona em 172 cidades ao redor do mundo, atendendo a mais de 15 milhões de usuários. No entanto, Tallis anunciou sua saída da Easy Taxi em 2014 para investir em um novo negócio. Criou a empresa eGenius Founders, em 2015 e o aplicativo Singu, que conecta profissionais da beleza a clientes, conquistando seu primeiro aporte de R$ 10 milhões em 2018.
Tallis Gomes escreveu o livro “Nada Easy: O passo a passo de como combinei gestão, inovação e criatividade para levar minha empresa a 35 países em 4 anos”, lançado em 2017. Mesmo ano em que a startup espanhola Cabify comprou a Easy taxi por um valor não divulgado. Aos 31 anos, já ministrou palestras nas melhores universidades do mundo como Columbia, Duke, Harvard e Yonsei University (Coreia do Sul), sendo apontado como uma das maiores autoridades em inovação do Brasil.