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O sonho do padeiro que já dura quase meio século

 

Benjamin Abrahão nasceu em Franca, interior de São Paulo, em 8 de janeiro de 1925. É o nome que estrela a rede de uma das padarias mais tradicionais da capital paulista, com diversas unidades, além de ser um exemplo de tradição e paixão pelo trabalho.

O empreendedor, sem muito dom para os bancos da escola, começou a trabalhar com apenas 10 anos de idade como faxineiro em uma padaria chamada Ivone, em sua cidade natal, mas sua sagacidade logo o fez ajudante na preparação dos doces da casa e três anos mais tarde já era confeiteiro-chefe. Benjamin estava sempre atento a seus grandes mestres, conceituados confeiteiros de origem sueca e alemã, buscando o aperfeiçoamento do seu trabalho.

Aos 18 anos foi convocado pelo serviço militar, período que poderia ter comprometido a evolução de sua carreira. Mas a sorte estava ao seu lado: preparava para o capitão seus melhores doces. Após cumprir suas obrigações militares chegou a tentar outros tipos de trabalho, como goleiro em times de várzea e empresário, assessorando um anão de circo e um equilibrista de perna de pau pelo país afora. Como nada disso o tocava como a panificação, decidiu que era hora de voltar às raízes. Retomou seu trabalho na Padaria Ivone e, para aumentar sua renda, trabalhava de engraxate nas horas vagas.

“A coisa mais bonita que tem é fazer uma massa na mão.

Um ano depois, Benjamin mudou-se para Ponta Porã/MS, onde abriu seu primeiro estabelecimento comercial: uma petisqueria que vendia doces e salgados. Em frente, havia o Bar e Restaurante Royal, administrado por Maria Luisa, uma espanhola que era conhecida por sua grande habilidade na cozinha. A pequena rivalidade acabou os unindo e o empresário casou-se com sua maior concorrente.

Após algum tempo, já com as filhas Shirlei e Mara, a família estabeleceu-se no bairro Barra Funda na cidade de São Paulo. Benjamin alugava um forno todas às noites para fazer doces e salgados que eram vendidos na feira do dia seguinte. A banca foi batizada de “La Espanhola” em homenagem a sua esposa. Os cuidados com a higiene e a qualidade já eram reconhecidos pela clientela.

“Eu cheguei numa padaria aqui na Barra Funda para alugar o forno, então ele falou: se você souber fazer a empada você me dá de 50 até 70 empadas de graça e fica por conta do aluguel. E foi aí que começou.” 

Após algumas ‘barracas’ nas feiras, o casal abriu sua primeira padaria: La Espanhola (estabelecimento que não pertence mais à família). Devido ao grande sucesso do primeiro empreendimento na capital paulista, em seguida, no ano de 1976, inauguraram a Padaria Barcelona, na Praça Vilaboim. Já em 1987, a Mundo dos Pães situada na Rua Maranhão, no Bairro Higienópolis, foi inaugurada com a presença de Fernando Henrique Cardoso (na época senador), que era vizinho do estabelecimento. O empreendedor fez questão de construí-la para suas filhas, genros e netos, que a administram desde a inauguração.

O “toque brasileiro” de Benjamin Abrahão ao fazer pães e doces conquistou vários países como Rússia, Filipinas e Alemanha, onde ministrou cursos. Outra prova do seu grande sucesso são os livros e artigos publicados em jornais e revistas no mundo inteiro.

O falecimento do empresário em 2001 foi o momento mais difícil para a família. Continuar sem o patriarca e super-avô era um grande desafio. Com muita união todos seguiram em frente para levar o seu legado adiante. O pequeno Felipe Benjamin, com apenas 15 anos na época, para suprir a tristeza de sua partida, resolveu assumir o posto de Chefe da Produção, profissão que já praticava desde os cinco anos de idade, quando acompanhava Benjamin pelas padarias.

A história de sucesso prosseguiu, com a inauguração de mais dez unidades da padaria em São Paulo. Em 2007 a consolidação de uma grande homenagem ao patriarca da família foi a construção da unidade Benjamin Abrahão Jardins. Em agosto de 2015, os bilionários Jorge Paulo Lemann e Abilio Diniz compraram uma fatia na rede de padarias Benjamin Abrahão, em São Paulo. O negócio foi feito por meio de uma parceria entre o fundo Península (de Abilio), Ocean e Innova Capital (criado por Lemann).

Criada com a esperança de ser a maior rede nacional de padarias do país, a Benjamin (agora sem Abrahão no nome) ajustou seu plano de negócios. A ideia de Abilio e Lemann é planejar novos formatos enfatizando a marca Benjamin, mas conservando as origens da padaria. O modelo mais similar a uma coffee shop faz especialistas compararem a loja à um mix entre a rede americana Panera Bread e a belga Le Pain Quotidien. As seis unidades em universidades foram reduzidas para duas, uma na PUC de São Paulo e outra no Mackenzie, e a Rua Pamplona recebeu uma loja da rede.

Com a definição do novo modelo, uma nova estrutura de capital também foi criada. A família Abrahão, deixou o negócio nos primeiros meses de 2017. Felipe Abrahão, também deixou a companhia, onde estava envolvido com a produção industrial desde 2001. Rita de Cássia, que ajudou na negociação para aquisição, deixou a área operacional e foi para o conselho de administração. André Piva, vindo da Innova Capital, assumiu a presidência no final de 2016. E o Península tornou-se o acionista controlador após o acordo.

Atualmente, a rede Benjamin tem 23 unidades, todas em São Paulo, e representa uma história de sucesso, com um conceito diferenciado e um sonho vivo de se tornar a maior rede de padarias do país.

 

Fonte
Carta CapitalConceito de LuxoPropMarkBlog Origem das MarcasVeja SpMundo dos PãesPortal SBVC - Sociedade Brasileira de Varejo e ConsumoPortal receitas de bolo hi7Canal Felipe Benjamin AbrahãoMatéria Jornal da Gazeta 2013
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