Natalie Klein, 42 anos, filha do empresário Michael Klein e neta do fundador da rede varejista Casas Bahia, abdicou há 21 anos do posto de herdeira do império criado pelo avô e decidiu trilhar o caminho da independência através do empreendedorismo.
Decidiu que abriria mão de se envolver com os negócios da família enquanto cursava arquitetura na Faap. No último ano, em 1997, trancou o curso para dedicar-se ao sonho de gerir uma loja multimarcas de luxo que levaria suas iniciais no nome, NK Store. O aporte para começar o negócio veio do pai, com 1 milhão de dólares que foi recuperado rapidamente após a abertura.
“Fico emocionada por construir meu próprio caminho… Não tenho talento para socialite.“
Aos 21 anos, Natalie Klein tomou as rédeas do negócio, começando em uma casa no bairro de Pinheiros, em São Paulo, com 14 colaboradores. Além de comercializar grifes internacionais, decidiu investir também em marcas próprias: a NK e a TalieNK. Quando a empresa completou 20 anos, em 2017, as marcas foram fundidas. Por ser filha e neta de grandes empresários brasileiros, Natalie era vista como só mais uma menina que queria brincar de lojinha. “Decidi não me envolver na empresa da minha família, por isso não admitia a possibilidade de não dar certo”, lembra a empresária.
Manobrou todo o sucesso da NK Store no setor varejista de luxo no Brasil sozinha, enfrentando as dificuldades do negócio, já que o Brasil não era a prioridade das marcas gringas. A marca Daslu já era a grande referência no setor, por isso a estratégia de ganhar mercado foi trazer para junto de si as grifes menos conhecidas, de estilo jovem e contemporâneo, ou seja, as grifes que não estavam na concorrência. Começou trabalhando com a marca Chloé, e depois vieram Azzedine Alaïa, Blumarine e Stella McCartney. Seu público frequenta as lojas até três vezes por semana, sendo cerca de 15 mil já cadastradas, e gastam em média R$ 2.500 reais em cada visita.
“Meu sonho é ser na moda o que meu pai é no varejo”
A empreendedora nunca teve um curso formal de business. Escolhendo um modelo enxuto de negócio, mas com muito valor agregado, Natalie escolheu abrir mão de alguns privilégios para se dedicar a horas de trabalho, até mesmo nos fins de semana. Atualmente são 26 marcas no portfólio. Chegou a apostar em 2008, na inauguração da grife Marc Jacobs em São Paulo, mas as atividades foram encerradas em 2014, por não conseguirem oferecer uma estrutura física e pessoal para uma gestão fora dos Estados Unidos.
Do total de vendas da NK Store, 80% são da marca própria, já o restante é dividido por três grifes brasileiras e outras catorze internacionais. Hoje são cerca de 260 funcionários, lojas em São Paulo e no Rio de Janeiro, além de uma fábrica própria. O crescimento da loja gira em torno de 20% anuais e conquistou um faturamento de R$ 50 milhões em 2005. A loja localizada em Ipanema, Rio de Janeiro tira entre 35% e 40% do faturamento da loja de São Paulo.
A empreendedora é independente financeiramente e vive com o marido e os filhos, Ezra e Ava, em Manhattan, trabalhando toda manhã por Skype. Em 2015 ela se inscreveu num programa para donos e presidentes de empresas em Harvard, chamado Owner and President Management, com aulas intensivas ao longo de um mês, durante três anos.
O E-commerce da NK nasceu em 2012 com um conceito diferenciado criado pela própria Natalie, chamado “e-stylist”, onde profissionais de moda ficam à disposição para consultas ou dúvidas das clientes.
