Alair Martins do Nascimento nasceu em 1934 no distrito de Martinésia, zona rural de Uberlândia e criou um império que já passa dos 60 anos. O filho de Jerônimo e Lidormira se orgulha de sua trajetória, e tem ainda mais brilho no olhar ao pensar na família que construiu.
Criado na roça e com ensino fundamental incompleto, começou a trabalhar aos 5 anos de idade, quando fazia serviços domésticos e acompanhava o pai na lavoura. Em 1949, Alair com 15 anos fez sua própria lavoura e conquistou sua primeira bicicleta com o próprio trabalho, já em 1951, o pai de Alair se convenceu a mudar com a família para Uberlândia por insistência do filho, que desde os 7 anos decidiu que queria morar na cidade, onde seus tios tinham uma mercearia.
Um ano e meio após chegarem à cidade, Sr. Jerônimo percebeu que seu filho levava jeito para o comércio e vendeu o sítio da família para construírem um pequeno armazém. Em dezembro de 1953, quando o empreendedor tinha 19 anos, foi inaugurado o armazém de 100m² chamado Secos e Molhados Borges Martins, onde Alair trabalhava 16 horas por dia durante 10 anos.
“Se é pra fazer, tem que ser bem feito. Se você acha que pode aperfeiçoar o que está fazendo deve entrar com entusiasmo. Eu já nasci com essa convicção.”
No começo, o empreendedor vendia cereais a preço de custo e anunciava os produtos em alto-falantes. Comprava mais do que conseguia vender, dando seus primeiros passos no atacado ao dividir o pedido com os concorrentes. Tanta dedicação mostrou resultados quase imediatos: em um ano de loja, tinha dobrado o capital investido pelo pai; e cresceu em média 70% ao ano durante bastante tempo.
Alair soube detectar uma carência do mercado: a venda por unidade para pequenos e médios varejistas que não precisavam de grandes volumes. Assim, tornou-se o elo com a indústria, comprando em seu nome e distribuindo a carga excedente entre os varejistas. O negócio, até então, era um misto de varejo e atacado, onde vendedores cobriam a região, enquanto caminhoneiros levavam mercadorias para o Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal e Bahia. Foi então, que em 1964, o empresário tomou a decisão de se dedicar somente ao atacado.
“Não pode ficar nenhum valor de fora: honestidade, transparência e muito trabalho para dar credibilidade.”
Algum tempo depois de ter migrado para o atacado, a área de armazenagem foi ampliada para 3 mil m², inaugurando o Armazém Martins, uma empresa já com 180 funcionários e 45 caminhões, que continua se ampliando até hoje. Em 1988 foi criada a Universidade Martins do Varejo, um centro com soluções e treinamento para aprimorar o ponto de vendas em diversos aspectos.
Sempre pensando em como auxiliar seus parceiros, dois anos após a criação da Universidade, o grupo Martins inaugurou o Tribanco, que fornece ajuda ao varejista e ao fornecedor em suas necessidades. Dez anos depois, a rede Smart foi desenvolvida e passou a oferecer uma maior rentabilidade aos clientes, por meio de apoio financeiro, tecnológico e comercial.
No mundo digital o empresário também não ficou de fora, e em 2002, colocou no ar o eFácil, um comércio eletrônico. E mais recentemente, em 2005, foi fundado o IAMAR (Instituto Alair Martins), com a intenção de incentivar o empreendedorismo nos jovens.
Mas como em toda trajetória de empreendedorismo, houveram alguns tropeços. Um erro bastante lembrado pelo empresário foi quando ele quis entrar em muitas áreas e acabou perdendo o foco, precisando se desfazer de algumas companhias para retomar seu negócio principal. Além disso, também considera um erro a empresa ter ficado centralizada em Uberlândia por mais tempo do que deveria, gerando maior custo de transporte e perda de mercado regional. Para isso, em 2009 foram inaugurados depósitos em Jundiaí e no Rio de Janeiro, diminuindo de 90% para 57% o percentual dos produtos que saíam da cidade mineira. Desde então, os mais de 905 veículos do grupo Martins viajam cerca de 31 milhões de km por ano, para entregar os melhores produtos distribuídos entre os 2,3 milhões de pedidos. Nesse processo, há mais de 4.082 colaboradores envolvidos e cerca de 2,5 milhões de clientes.
Alair vai à sede da empresa todos os dias, participa das convenções pelo país afora e continua tendo presença marcante na empresa. Além de visitar fornecedores e clientes espalhados pelo país cerca de 1 vez por mês. Hoje, fora da parte operacional mas ainda à frente da companhia, se orgulha do título de maior atacadista distribuidor brasileiro. E sua atual meta é se tornar a primeira empresa do país a atingir 100 anos de funcionamento.
Em 2013, o empresário lançou sua biografia chamada “Alair Martins do Nascimento – A aposta na confiança e no relacionamento”.
Casado há quase 60 anos, pai de 3 filhos e avô de 9 netos, ele acredita que a família é seu bem mais precioso. Alair, até hoje, não abre mão de seu encontro semanal com os netos.
Aos 84 anos, o empresário ultrapassa uma fortuna de R$ 1,8 bilhão e não pretende diminuir o ritmo tão cedo.
