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A série de conselhos que esse empreendedor não seguiu

 

Neto de libaneses, filho do meio de mais 8 irmãos biológicos e 2 de criação, Salim Mattar nasceu e foi criado em Oliveira, pequena cidade do interior de Minas Gerais. Aos 69 anos, é o fundador de um império de aluguel de carros. E desde criança já sabia que teria seu próprio negócio de sucesso, fruto de uma bronca do pai que nunca se esqueceu.

Quando criança, queria ser um pianista de sucesso e viajar o mundo. Numa reunião de família, o pai perguntou para cada um dos filhos o que eles queriam ser, e Salim contou ao pai de seu desejo. Ao invés de apoio, recebeu um sermão e um apertão no braço. Ele ordenou ao pequeno que abrisse seu próprio negócio, e então poderia comprar todos os discos de pianistas do mundo. Prometendo nunca esquecer daquilo, Salim faria o que o pai pediu: se tornar um empreendedor de sucesso.

Quando o empresário tinha 13 anos, seu pai faleceu. Salim, então, foi trabalhar no armazém do pai para ajudar com as despesas. Com isso, mudou sua perspectiva de vida. Tanto que aos 17 anos, ele não enxergava mais chances de crescer em sua cidade, e decidiu se mudar para Belo Horizonte para fazer faculdade.

O que difere um empreendedor de uma pessoa que tem uma boa ideia é que o empreendedor tem mais perseverança e a capacidade de assumir riscos, ele é um realizador.

Entrou no curso de administração de empresas, na Fumec. Dividia quarto em uma pensão, estudava a noite e trabalhava durante o dia como office-boy de uma construtora chamada Euller e Barbosa. Ele fazia um pouco de tudo: pagava fornecedores, entregava e buscava encomendas, fazia compras, etc. Até que um dia foi realizar um pagamento em um lugar chamado Volks Car, orientado a conferir o recibo antes de entregar o cheque, Salim pegou a nota fiscal e, fazendo uma rápida conta daqueles valores para aluguel de um carro, viu que dava muito lucro. Foi quando decidiu que aquele era o negócio que abriria.

A partir de então, o empresário usava todo o seu tempo livre para visitar a locadora e ficar assistindo tudo o que acontecia por ali. Enquanto isso, também crescia rapidamente em seu emprego. Aos 21 anos de idade foi transferido para outra empresa do grupo e promovido a gerente da companhia com mais de 240 funcionários, ganhando um ótimo salário, que possibilitou alugar um apartamento e levar sua família para morar na capital.

Porém, o empresário sabia que aquele era apenas um degrau para chegar onde queria. E em maio de 1973, aos 23 anos, Salim pediu demissão e fundou a Localiza, junto com Antônio Cláudio, um antigo fornecedor que se tornou sócio. Abriram a empresa fazendo 6 empréstimos para comprar 6 fuscas usados. E tudo parecia ir contra o sucesso do negócio: além da falta de dinheiro, o Brasil estava em um ano de crise do petróleo, onde o combustível era muito caro, e todos diziam à Salim que ninguém alugaria carro naquele momento.

 

“Sou incorrigivelmente otimista. Em qualquer situação. Sou otimista por natureza. Não é só o otimismo. Sou muito determinado, obstinado. Trabalho muito duro.”

 

A Localiza veio da associação da palavra locar (Loca) com uma modalidade de aluguel, o leasing (liza). Era importante que o nome fosse pronunciável em qualquer idioma, com a meta de que seus carros cruzassem fronteiras. Já as cores representam esperança e prosperidade.

Nos primeiros anos, como pequena empresa, os dois viviam em função do trabalho. Moravam no fundo da loja para atender aos clientes que batiam na porta de madrugada. Era Salim que lavava os carros, atendia como motorista se alguém solicitasse e recebia até gorjeta de quem não sabia que ele era o dono da empresa. A primeira crise aconteceu em 1976, quando dois sócios investidores saíram da companhia e a Localiza ficou sem recursos financeiros. Todos os relatórios apontavam que era um erro insistir na companhia, mas novamente Salim resolveu ir contra o óbvio. E no ano seguinte houve um salto nas locações, o que motivou o empreendedor a expandir o negócio.

A primeira locadora montada fora da capital mineira foi em Vitória/ES, e pouco tempo depois já se espalhava de norte à sul do país. Em 1984, já bem estabelecido no país, o empresário descobriu o conceito de franchising (sistema de franquias) e decidiu aplicar o modelo em sua empresa, indo de novo contra as sugestões de colegas de mercado.

Outros 3 momentos marcantes de conselhos que Salim não seguiu foram: em 1990, quando decidiu trocar toda a frota de carros; em 1992, quando internacionalizou a empresa para países da América do Sul no caótico pós governo de Fernando Collor; e principalmente em 1998, quando vendeu 33,3% da empresa para o fundo americano DLJ Merchant Banking por R$ 50 milhões, quando pessoas experientes diziam que era um erro se prender a um sócio que estava a milhares de kilômetros de distância. 

Em 2012, Salim foi selecionado como um dos 50 melhores CEO’s da América Latina, ocupando a 27ª colocação segundo a publicação da americana Harvard Business Review. Já em maio de 2013, o empresário passou seu cargo de Presidente para o irmão, Eugenio Mattar. Salim hoje é presidente do conselho de administração, junto com seus outros irmãos, Flávio e Antônio Resende. Em Julho de 2017, concluiu a compra da subsidiária brasileira da Hertz, uma das maiores empresas de aluguel do mundo, por aproximadamente R$ 337 milhões. A parceria que durará 20 anos abrange o uso da marca Localiza Hertz na América Latina, Estados Unidos e Europa.

Atualmente, o empreendimento de Salim é o mais valioso do mundo no setor, com valor de mercado de aproximadamente R$ 12,5 bilhões. Crescendo, em 2017, cerca de 24% sobre o ano anterior. Possui mais de 7.800 funcionários; cerca de 590 agências espalhadas em 7 países; uma frota de mais de 193 mil veículos; e ultrapassa os 6,4 milhões de clientes.

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