Sérgio Amoroso, aos 64 anos, é o fundador de uma das principais organizações brasileiras do setor de madeira, celulose, papel e embalagens, com 100% de capital nacional e abarcando as empresas Orsa Celulose -Papel e Embalagens, Fundação Orsa, Jari Celulose e Orsa Florestal. Juntas faturam R$ 1,5 bilhão ao ano. Mas a história do empresário, no entanto, começou na roça.
Filho de agricultores, nasceu em Birigui, interior paulista, em 1954, e começou a trabalhar desde cedo ajudando o pai na lavoura. Como o mais velho de 5 irmãos, Sérgio sonhava quando criança em ser Engenheiro Espacial. Viveu em meio a natureza e a terra até seus 10 anos, quando, por conta de dificuldades para manter o sítio, a família decidiu migrar para o centro de Birigui. Com 13 anos, Sérgio conseguiu seu primeiro emprego como assistente de almoxarifado em uma fábrica de calçados. Demonstrando uma habilidade grande com números, seu desejo de se tornar engenheiro se tornava mais forte.
Contando com suas economias poupadas, aos 17 desembarcou na capital paulista e começou a dividir um apartamento com mais 4 amigos, no bairro da Liberdade. Estudava em um cursinho pré-vestibular a noite com a intenção de conseguir um trabalho durante o dia, mas não foi o que aconteceu.
“Quando comecei minha empresa, determinei o tamanho que gostaria que ela tivesse quando eu chegasse ao fim da vida. Nove anos depois o negócio era muito maior do que eu tinha imaginado.“
Enquanto estava em São paulo recebeu a notícia de que sua família estava em más condições financeiras, ao mesmo tempo em que via suas economias se esvaindo. Em 9 meses ele também ficou sem dinheiro.
Obrigado a parar o cursinho, chegou a passar fome por alguns dias até receber a ajuda de um amigo para se alimentar. Naquele curto período de dificuldade e privação, Sérgio recebeu a oportunidade de trabalhar na área financeira de uma empresa de cartonagem, onde aprendeu e cresceu lá dentro. Foram 7 anos de trabalho na área, até que em 1981, com 27 anos ele decidiu deixar a empresa e abrir o próprio negócio junto com um primo e dois amigos como sócios. Juntos venderam o que puderam de bens e alugaram um galpão na Vila Zelina, em São Paulo para montar a fábrica de embalagens, funcionando com menos de 50 funcionários. Ali começava o Grupo Orsa.
Com o conhecimento de mercado e agilidade com que eles conseguiam fazer negócio, conseguiram ganhar muito dinheiro. Em 1986, Sérgio iniciou a construção da primeira unidade industrial para fabricação de chapas e papelão ondulado, e no ano seguinte conquistou um grande salto com a importação de um equipamento de ponta do Japão, lhes permitindo ofertar o Just In Time e evitando estoque. A primeira aquisição veio em 1990, com a compra da unidade produtora de papel Kraftliner em Nova Campina, SP.
“Comecei a achar que o dinheiro não me faria feliz e senti uma insatisfação enorme.”
Em 5 anos, a empresa se tornou a maior companhia de cartonagem de São paulo. O Grupo cresceu comprando e recuperando empresas falidas, e em 20 anos se tornou a segunda empresa de papelão ondulado do Brasil. Diante do crescimento e do sucesso do seu negócio, Sérgio Amoroso havia se tornado milionário, o que, no entanto, não se traduziu em satisfação ou mesmo felicidade para o empreendedor. Com 36 anos e usufruindo de uma vida sem privação de bens materiais ou viagens, de repente sentiu que nada mais daquilo tinha graça. Entrou em uma fase de desilusão.
Foi através dos conselhos de um amigo que Sérgio buscou desenvolver algo que desse sentido naquilo que ele estava construindo. Então, em 1994, Sérgio criou a Fundação Orsa. Passou não só a doar dinheiro, mas seu próprio tempo a causas sociais, alcançando em média 1,4 milhões de crianças e adolescentes em situação de risco por ano. Ele determinou que 1% do faturamento anual do Grupo seja destinado à fundação, independentemente dos resultados financeiros.
Já em 1997, Sérgio tomou conhecimento da existência do Projeto Jari, e em 2000 a Saga Investimentos e Participações (holding que controla o grupo Orsa) assumiu o controle acionário da companhia do Jari Celulose S.A, fabricante de celulose em Monte Dourado, na fronteira dos Estados do Pará e Amapá. O Grupo Orsa então passou então a se chamar Grupo Jari, sendo sócio majoritário com 96% das ações ordinárias, além de assumir uma dívida de US$ 410 milhões.
Sérgio estava determinado a transformar o Jari numa experiência que, além de lucros para o Orsa, gerasse benefícios econômicos, sociais e ambientais para a região. Ainda em 2000, o Grupo inaugurou a unidade fabril em Rio Verde, Goiás. Em 2003 a Fundação Orsa Florestal foi criada, sendo responsável pela produção de 13.040 m3 de madeira bruta, manejo sustentável de 545 mil hectares de florestas no Pará, exportando para a Ásia, América do norte e Europa. O Grupo Jari é a única empresa com 100% de certificação FSC para todas as atividades. Em 2009 incorporaram a empresa Ouro Verde Amazônia.
Além de presidente do Grupo Jari, Sérgio é Presidente do GRAACC – um dos maiores hospitais de câncer infantil da América do Sul, Diretor-Presidente do Instituto VIDI, Membro fundador do WWF – Brasil, fundador do Todos pela Educação, além de outros tantos conselhos e institutos sociais que participa já recebeu diversos prêmios na área de desenvolvimento sustentável como: Guia Exame de Boa Cidadania Corporativa, Prêmio Eco – Câmara Americana de Comércio, Empreendedor Social do Ano – Ernst & Young, Prêmio Razão Social – Jornal o Globo, entre outros.
Em 2012, a companhia americana International Paper (IP) fechou acordo com a Jari Celulose Papel e Embalagens adquirindo 75% de participação. O valor bruto dessa operação ficou em 1.270.000.000 bilhão. A nova empresa recebeu o nome de Orsa International Paper Embalagens. Ainda em 2012, Sérgio tomou a decisão de transformar a fábrica de Jari de produtora de celulose de papel para produtora de celulose para roupas e setor alimentício. Sérgio já estudava alternativas e a possibilidade de migrar para o mercado de especialidades.
Em 2014 a companhia americana comprou os 25% restantes da Orsa por 318 milhões de reais. Atualmente o Grupo exporta em média 85% da produção do Jari e emprega cerca de 3.200 funcionários, faturando em torno de 1,5 bilhões por ano.