Ricardo Rodrigues Nunes, hoje aos 49 anos, nasceu em Divinópolis/MG, e fundou a varejista Ricardo Eletro. Atualmente é também proprietário de 72% do grupo Máquina de Vendas. A companhia que leva o nome do empresário é a que mais cresce no país, e a única com o compromisso registrado em cartório de cobrir qualquer oferta do Brasil.
Iniciou a carreira como vendedor aos 12 anos, após a morte de seu pai. Para ajudar a mãe, Ricardo colhia mexericas no sítio e vendia ao lado de uma faculdade aos sábados. “Eu gritava tanto que a professora descia da sala para reclamar”, conta. Logo surgiram os primeiros concorrentes: outros adolescentes montaram barraquinhas ao lado. Foi quando Nunes inventou o bordão que levaria depois para a vida: “Cubro qualquer oferta”.
“Todos falam que eu não largo o osso, mas é nisso que sou bom, é isso o que sei fazer.“
Pouco depois, ajudava a mãe a comprar bijuterias na rua 25 de Março para revender em sua loja, a Marina Jóias. Mas seu sonho sempre foi vender eletrodomésticos, e em 1989, abriu a primeira loja. Sem escala para negociar com fornecedores, oferecia um ou outro liquidificador, comprando por R$ 49,90 e vendendo a R$ 19,90, tudo para ficar conhecido como líder de preço. Compensava o prejuízo com a venda de ursinhos de pelúcia, que completavam as prateleiras da loja e saíam pelo dobro do valor que pagava por eles. Com o tempo, conseguiu aumentar sua variedade de produtos e foi crescendo.
Quando contava com 10 lojas na cidade, arriscou-se na capital mineira, Belo Horizonte, e a primeira expansão para outro mercado aconteceu em 2000, no Espírito Santo, onde hoje a rede é líder em vendas. Porém, o grande salto se deu em 2007, com a compra da MIG, uma rede de Uberlândia/MG. A varejista até então contava com 135 lojas, e a aquisição trouxe 86 novos pontos de venda em importantes centros. Em 2008, mais um importante passo, a inauguração de 13 lojas no Rio de Janeiro, de uma só vez.
“É ilusão achar que o pequeno trabalha muito e o grande vive no iate, tomando champanhe. O grande para continuar grande tem que seguir trabalhando a mesma coisa ou até mais.”
Sua loja teve constante crescimento, até que no início de 2010, quando detinha a terceira colocação entre as varejistas de móveis e eletrodomésticos em todo o país, o empresário se uniu com o baiano Luiz Carlos Batista, fundador da rede Insinuante, forte na Região Nordeste, de onde surgiu a rede Máquina de Vendas. Mais tarde, associaram-se à City Lar, do Mato Grosso, e à Eletro Shopping, presente no nordeste. Buscando o mercado em seus quatro cantos, juntaram-se também ao grupo a Salfer, presente na região sul do país.
No ano seguinte, Ricardo foi condenado à prisão por corrupção ativa por ter pago propina a um auditor fiscal da Receita para que a Ricardo Eletro não fosse autuada; O empresário recorreu ao Tribunal Regional Federal e a ação corre sob segredo de Justiça. Esse é o único assunto que o empreendedor não se pronuncia e se mostra incomodado quando é questionado sobre.
Em pouco mais de 20 anos, Ricardo Nunes passou de vendedor de ursinhos de pelúcia ao posto de segundo maior varejista de móveis e eletrodomésticos do país, atrás apenas do Grupo Pão de Açúcar. Ninguém nesse setor cresceu tão rapidamente, nem mesmo Samuel Klein, fundador da Casas Bahia, o grande ídolo de Nunes. Segundo o empresário, o mérito disso é fruto de sua ousadia e pioneirismo.
Ele trabalha todos os dias das 8h à 0h, e aos sábados vai para suas lojas observar o que os clientes desejam e orientar os vendedores. Se perguntar a ele o preço exato de qualquer um dos 4,5 mil itens à venda em sua rede, ele prontamente responderá. “Sei direitinho quanto vale cada produto da minha loja. Minha vida é fazer isso”, afirma Nunes. Todas as manhãs, ele se reúne com seus diretores de vendas para estudar cada novo desconto, centavo por centavo.
No centro de inteligência da companhia são feitos os cálculos das novas promoções em tempo real. Cerca de dez funcionários por turno ficam conectados e quando recebem a informação de que um concorrente está oferecendo determinado produto por um preço menor, tentam rapidamente checar a informação. Se o dado estiver correto, a Ricardo Eletro cobre.
O empresário considera que transformou sua marca em um império, com 700 lojas, 15 mil funcionários e um faturamento anual de aproximadamente R$ 6 bilhões. Mas em todo império existem seus percalços, e no caso da Ricardo Eletro, mais especificamente da holding Máquina de Vendas, que enfrenta uma crise que já acumula uma dívida de mais de R$ 1,3 bilhão.
Em função disso, o fundo americano Apollo negociou a compra da holding por cerca de R$ 500 milhões. A previsão para assinatura do contrato é a qualquer momento a partir de Agosto desse ano. E Ricardo Nunes permanecerá na Máquina de Vendas como minoritário.