Aos 73 anos, Thereza Ramos Queda é uma bem-sucedida empreendedora paulistana, dona da agência de turismo Cinthe-Tur, que dedica pacotes de viagens exclusivos ao público da terceira idade. Sua disposição em abrir seu primeiro negócio depois dos 50 surgiu após quase 30 anos como tecelã em fábricas insalubres e mais de 10 anos dedicada ao serviço voluntário. Thereza articulava excursões anuais para levar auxílio e bens à doentes tuberculosos em Campos do Jordão, conseguindo ônibus lotados de doações.
Era comum na década de 50 a grande presença de sanatórios naquela região, onde pacientes eram enviados com a perspectiva de uma melhora mais rápida. Com a transformação gradual do local em destino turístico, Thereza continuou promovendo excursões à cidade de forma voluntária, até que propostas de novos destinos começaram a surgir dos seus amigos. “Por que a gente não vai para Barra Bonita? Por que a gente não vai para Caldas Novas, onde tem as águas termais?”, lembra a empreendedora.
“Comecei a reunir essas pessoas em passeios e shows e o boca a boca ajudou a divulgar a minha proposta.“
Thereza aposentou-se por tempo de serviço em 1986, aos 41 anos, e chegou a se formar em um curso de guia turístico. Os pedidos de excursões para novos destinos vindos de amigos, conhecidos e familiares, acabaram inspirando a empreendedora a se dedicar ao turismo como uma nova profissão. O pontapé inicial veio quando ela viu o anúncio de uma agência de viagens no jornal, com roteiro aberto para Barra Bonita. Sem pensar duas vezes, a empreendedora recortou o jornal e pessoalmente fechou com a agência levando uma turma de 27 pessoas.
Construindo gradualmente uma carreira como guia turística freelancer, Thereza começou a expandir seus roteiros para fora do estado, como Salvador, Maceió, Recife, Natal, Fortaleza, todos de ônibus. A demanda cresceu rapidamente, principalmente na década de 90, com a estabilidade econômica e a possibilidade de começarem a viajar de avião. A primeira viagem internacional da empreendedora foi em 1994, com quase 50 anos e sem saber inglês, passando por Alemanha, Bélgica e Holanda.
“Fui fazendo contatos e notei que não existiam agências especializadas nessa idade. Resolvi arriscar.”
A formalização da própria agência de turismo veio no ano de 2000, quando decidiu convidar a filha, Cíntia, para dividir o trabalho. Na época, Cíntia largou um trabalho estável em um banco para arriscar no ramo junto à mãe. Com investimento inicial de R$ 10 mil, abriram a Cinthe-tur, batizada com a primeira sílaba do nome de cada uma.
Atualmente, a agência é conhecida por oferecer pacotes especiais à idosos, pois a percepção da grande demanda por pacotes vinda deste público vem desde a década de 80.
A estratégia de dedicar a empresa a serviços especializados contribuiu para o crescimento do negócio, hoje oferecendo pacotes nacionais e internacionais, com variação de valores que vão de R$ 600 a R$ 11 mil. Com faturamento anual em torno de R$ 200 mil, a Cinthe-Tur conta com um diretor financeiro, sete funcionários e guias treinados. A sócia Cíntia afirma que desde a criação da agência, a procura por destinos turísticos por esse público, principalmente mulheres viúvas, subiu 80%.
A empresária já tem registrado em seu passaporte mais de 20 países. Aprendeu o idioma inglês e o espanhol e ela mesma monta os planos de viagem que oferece. Já no ano de 2010, conseguiu consolidar-se como uma das mais tradicionais operadoras e agências de viagens de turismo do país, justamente pela visão de segmentação.